segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Cairo - dia 16

Hoje uma grata surpresa no hotel, o café da manhã! Bateu o do Sokos Helsinki. E eu que achei que nenhum café da manhã de hotel bateria aquele lá!
Depois do café, saímos para nossa exploração e visitação do dia: Museu Egípcio do Cairo e Torre do Cairo, local de onde segundo relatos teríamos uma excelente vista da cidade do Cairo e talvez, dependendo do tempo até das Pirâmides de Gizé.
Como de costume, seguindo nosso modelo de fazer turismo, tentando nos misturar a população fomos caminhando até uma estação de metrô, próxima do hotel que estamos ficando e que fica na mesma linha e a uma parada da estação próxima da Torre do Cairo (Cairo Tower) e também na mesma linha, mas a duas paradas da estação do Museu Egípcio do Cairo. Como este era mais distante, decidimos ir primeiro nele.
Chegamos na estação Dokki e fomos comprar os tickets. Aqui, eles são muito semelhantes aos tickets do metrô de São Paulo, de papel, e com aquela faixa magnética de cor preta, descentralizada ao longo do ticket.
No metrô, existem dois vagões, no centro do trem que são reservados somente para mulheres, mas nos demais carros, também são permitidas mulheres, mas são a grande minoria. Acho que nem 1% dos passageiros. A grande maioria das mulheres usa lenço na cabeça e roupas compridas, só deixando à vista as mãos e rosto. Algumas, somente os olhos, faltando pouco para ser uma burca (sendo que também vi algumas de burca). Os homens, parecem que nunca viram uma mulher na vida e olhavam para a Fer na cara dura, mesmo ela estando com roupas cobrindo sei corpo inteiro e lenço sobre sua cabeca, deixando a mostra somente seu rosto. Muitos com calos na testa de tanto orarem para seu Deus e praticarem sua religião. Quanto ao comportamento, pedreiros de obras que mexem com mulheres no Brasil, perdem de longe para os esse religioso povo daqui. Me impressiona, dizerem ter tanto respeito e serem tão religiosos ,rezando 5 vezes por dia e esconderem suas mulheres em roupas quentes, em um clima de 35 graus Célsius, e faltarem tanto o respeito com as mulheres ocidentais. Hipocrisia? Sei lá!
Depois de duas paradas do metrô, chegamos na estação que queríamos, estação Sadat. Subimos ao nível da rua e depois de uma rápida olhada ao redor identificamos o museu. Tínhamos agora que atravessar a rua para lá chegar. Nesse trânsito, caótico, para atravessar a rua de um lado a outro ninguém respeita sinais. Pessoas vão atravessando por entre carros, vans e motos (não se usa capacete) que buzinam o tempo inteiro. Incrível e até irritante o barulho das buzinas.
Ao chegarmos na entrada do museu, guardas com fuzis AK-47 de cada lado da entrada protegidos por um tapume de metal na sua frente. Depois de passar por estes guardas, existe um detector de metais e um aparelho de raio-X para passar a mochila dentro e um dos guardas, armados com pistolas, provavelmente 9 mm, perguntam de onde a pessoa é e dependendo deixam entrar. Não vimos ninguém ser barrado, por isso não consegui entender o porquê de tal pergunta.
Anda-se então, uns 100 metros, por uma rua estreita em frente a fachada frontal do museu, onde ainda há muitos guardas em suas típicas fardas de cor branca e pistolas e metralhadoras 9 mm e alguns com fuzis AK-47 (os famosos kalashnikovs). No portão principal de entrada do Museu, há um novo detector de metais e então à direita a bilheteria. Os tickets custam 50 libras egípcias para adultos. Com os tickets em mãos, fomos para a entrada, passamos a roleta após apresentar o ticket e então novo detector de metais e aparelho de raio-X. Aqui, os guardas também armados, mandam as pessoas que tem câmeras filmadoras ou fotográficas voltarem e deixá-las em um guarda-volumes, do lado da bilheteria. Estranho eles não indicarem essa necessidade já na entrada e fazerem as pessoas voltarem depois de tantos detectores, catracas e guardas armados.
Agora então estávamos prontos para a nossa visita às peças do Egito antigo. Acho que devem existir mais de 150 sarcófagos no Museu. De todos os tipos e tamanhos. De pedra, madeira, pintados, esculpidos, grandes, pequenos, de reis, faraós, rainhas, crianças e animais! Sim, animais! Na parte interna dos sarcófagos existem pinturas com as coisas que o morto irá precisar em sua outra vida como escravos, comida, espelhos e tantas outras coisas.
Câmaras mortuárias, mesas de preparação dos cadáveres para mumificação e aqueles potes que eles colocavam as vísceras dos mumificados dentro. Peças que datam de mais de 2.500 anos a.C. Muita coisa. Artefatos de cozinha, de caça, cultivo de terra (afinal, o Delta do Rio Nilo era famoso por sua fertilidade após as famosas cheias do Nilo). Enfeites diversos enriquecem este museu. Colares, brincos, tiaras, diademas e tantos outros. Existem diversas amostras de tecidos e roupas. Alguns barcos, que dadas as circunstâncias e idade, encontram-se em o que podemos chamar de bom estado de conservação. Cerâmicas, estatuetas, estátuas e alguns artefatos de vidro. O museu tem dois andares e depois de andarmos todo o primeiro andar fomos para o andar superior. Ali, existe a exposição das múmias dos faraós e a visitação custa mais 100 libras egípcias por pessoa (o dobro do preço de entrada do museu). A Fer não gosta de ver estas múmias e eu não achei justo pagar o dobro do preço da entrada para ver 7 múmias, então decidimos não entrar nessa parte e seguimos nossa visita. No segundo andar está todo o conteúdo da Tumba de Tutankamon. O tesouro, sarcófago, câmaras mortuárias e tudo mais. Junto com ele foram enterrados animais, comida, bigas, roupas, mobília e tudo mais que ele poderia precisar em sua outra vida. Incrível! Pudemos ver uma sala de antigas jóias egípcias, muito bonitas e com destaque para anéis e colares, alguns deles com detalhes de escaravelhos e outros animais.
Na sala do sarcófago de Tutankamon esta exposta a máscara de sua múmia. Toda de ouro e que eu lembro de ter visto em meus livros de história. Lá estão seus três sarcófagos e toda a ornamentação de sua múmia. Do lado de fora desta sala, estão expostas, uma após a outra, as quatro câmaras onde seu sarcófago foi encontrado.
O museu em si é simples e vimos várias pessoas trabalhando em algumas partes, ou restaurando peças antigas, ou catalogando outras. Algumas peças possuem identificação em árabe e inglês e outras além destes dois idiomas em francês. Mas o interessante é que a maioria dessas identificações são datilografadas (já podem até ser consideradas parte do acervo do museu)! O seu interior não possui ar condicionado, somente as salas do sarcófago de Tutankamon, a sala das jóias do antigo Egito e provavelmente a sala que não entramos, das Múmias Reais.
Saímos do museu suando, sob um calor de 32 graus. Depois de pegarmos as câmeras, fomos tomar uma água e um picolé na cafeteria do museu antes de seguirmos para o metrô para irmos para a Torre do Cairo.
Em frente ao Museu Egípcio do Cairo
Em frente ao Museu Egípcio do Cairo
Da estação Sadat, descemos na estação Gezira (ou Opera). Na saída dela já localizamos a Torre do Cairo, mas tivemos que dar uma volta bem grande para chegar até ela. Ali, os tickets custam 70 libras egípcias por pessoa e permitem a subida na torre que tem 187 metros de altura em um elevador com ar condicionado. A vista lá de cima é muito legal e consegue-se ter uma boa idéia da dimensão desta grande cidade do norte da África. O Rio Nilo, algumas de suas pontes, o bairro (ilha) de Zamalek, o movimento dos barcos e ao longe, o vulto das Pirâmides! Diz-se que em dias de tempo mais claro, com uma melhor visibilidade é possível vê-las melhor.

Cairo Tower vista de baixo
Fer e o Rio Nilo ao fundo
O Nilo
No alto da Torre do Cairo
Eu e a Fer na Torre do Cairo
Descemos dois andares na torre e fomos em um restaurante que é giratório! Incrível isso. O ar condicionado é convidativo a ficar algum tempo lá dentro. Pedimos uma entrada com charutos (enrolados em folhas de parreira), kibes (parecidos com aqueles de Istambul), um pastelzinho assado com queijo branco dentro e asas de frango fritas (aquelas que se abre a coxiha da asa e se usa o osso para segurar o petisco). Pedimos como prato principal um sea bass (peixe que não sabemos o nome em português) para a Fer e um misto de carnes assadas para mim. Quando chegaram os aperitivos me apavorei pensando como conseguiríamos comer o prato principal! Too much food! Mas demos conta do recado. Depois do almoço, descemos no elevador conversando com um nigeriano que falava um bom inglês britânico com sotaque nigeriano!!
Como estávamos no bairro de Zamalek, e meio que localizamos de cima da torre a região central deste bairro/ilha, onde lemos que há uma loja de ‘fair trade’ que é aquele artesanato que respeita o meio ambiente e garante que os artesãos receberão um preço justo por seu trabalho.
Caminhamos bastante em meio a ruas sujas e sem calçadas. Taxistas buzinado para nós e oferecendo corridas a todo o momento enquanto queríamos simplesmente andar naquela região. Procuramos a Fair Trade Cairo e não encontramos. Perguntamos em um loja de doces, perguntamos a alguns guardas de embaixadas da região (que falam somente árabe), todos armados com fuzis AK-47, e a Fer perguntou também para duas mulheres muçulmanas que estavam andando na rua, mas não conseguimos achar.
O calor intenso e cansaço nos fez lembrar da piscina do hotel e decidimos então tomar um táxi até a estação Gezira (ou Opera) para retornarmos para o hotel. Negociamos a corrida por 10 libras egípcias (pouco mais de 3 reais) e fomos para a estação. O taxista não falava inglês e mostrei a nota de 10 libras para ele que disse: ‘Ok!’ e fomos. No meio da corrida ele ligou o rádio para escutar a prece do Corão! Pode parecer preconceito ou outra coisa qualquer, mas fico meio cabreiro, em meio a um mundo árabe, nós com essa cara de gringos (e aqui somos), mas chegou a me passar pela cabeça o perigo de sermos sequestrados por engano por um radical maluco! Vai saber! Só vi uma policial armada dentro do Museu Hermitage em São Petersburgo, Rússia, local onde pensei que veria fuzis e carros de combate por todos os lados e aqui já vi muita, mas muita gente armada como já descrevi aqui neste post.
Ao chegarmos no hotel, colocamos nossa roupa de banho e fomos para a piscina, ‘loucos de faceiros’ e ao lá chegar: ‘It’s closed! Chemical treatment!’ então falamos que está no livro dos quartos que a piscina era aberta até as 7 da noite e os funcionários: ‘Only until sunset!’ Rolou até uma pequena discussão entre eu e o funcionário responsável pelo setor recreacional do hotel que queria saber o número de nosso quarto, mas acabamos retornado para o quarto e tomando nosso refrescante banho que acabou com o banheiro inundado pelo chuveiro que cai durante o banho e assistindo um pouco de televisão, que fica mais tempo preto e branca que colorida!
Amanhã tem mais, provavelmente as esperadas Pirâmides!

Ruas do Cairo

6 comentários:

  1. barbaridade, que aventura!!! Fiquei de cara com tantas armas, vixe! Imagino que o sujeito anda meio cabreiro mesmo, e com razao...
    A comida parece boa ai tambem, ne? Acho que 'sea bass' e robalo, nao e?
    Adorei as fotos la de cima, que enorme o rio!! E sujo, ou voces nao chegaram tao perto pra ver? Quantos barcos, tao diferente do riozao no meio de um deserto como imaginei. Sera que tem prainha, pode entrar? Imagino que seja poluido, com uma cidadona tao grande em volta...
    Que delicia de passeio! beijos, se cuidem - e cubram a cabeca :)

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  2. Muito massa hein,

    Realmente o choque cultural ai deve ser grande e com muitas contradicoes mesmo.

    Obs: nessa ultima foto da pra ver um pouco do calor que vcs tao passando ai.

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  3. Outro mundo, com certeza.
    Pensando no caos e nas armas quase dá saudade da dominação inglesa :/ e das aventuras de Poirot.
    Mas muito cuidado com a Fer - e a proteção que você sempre quer dar. Essa gente é doida! Teve uma mulher que enfiou a mão na cumbuca pra cobra morder, outra pôs o próprio irmaozinho bebe numa cesta e largou rio abaixo!!
    Sem exageros, não saia sem se cobrir, Fer, e Madá, leve o desaforo pra casa - essa cultura é muito, muito distante da nossa educação.
    Beijos, fiquem com Deus.
    *nem consigo imaginar como seja olhar pro Nilo e pra Tutancamon!

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  4. Eu já vi muitas vezes essa foto da máscara de Tutancâmon nas apostilas!!!! Que muito massa ver de perto, nem imagino!
    E nem acredito que vcs estão aí, e que tá calor, e que a comida é boa! Acho que vou chorar quando ver as fotos das pirâmides...
    *mas também concordo que o Egito é de longe o lugar mais perigoso da viagem, se cuidem, se cubra, e abaixe a cabeça. Tem muita gente louca, e muita história ruim com turistas por aí!

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  5. Que impacto, que vista maravilhosa do Nilo e que sonho deve ser o Museu!!

    Mas nossa, que outro mundo este aí!
    Melhor se aprecatar e deixar mesmo passar estas grosserias, que a cultura é outra, Madá.
    E cobrir-se bem e manter os oculos de sol tão chiques sempre que der, Fer!

    Sejam cuidadosos com isso tudo e com o calor, mas aproveitem bem o passeio, as piramides vão ser uma experiência incrivel!

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  6. Fiquem bem tranquilos. Ontem andamos bastante a pé e não teve nenhum episodio que deixasse a gte com medo. O MAda ta indignado com os olhares, mas eles so olham e falam alguma bobagem. Logico que mulher ocidental nao pode andar sozinha, nem pensar! Mas com ele nao tem nenhum problema. Sempre com pashmina e oculos.

    Eu to adorando!! (tirando essa parte...)

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