sexta-feira, 8 de outubro de 2010

São Petersburgo - dia 6


Inacreditável as coisas que acontecem! Ontem, estávamos bem cansados. Depois que terminei o post, já era meia noite, mais ou menos, a Fer já estava bodeada a um tempinho, desliguei tudo e dormi.
Acordei umas duas da manhã e a Fer também com o barulho da televisão do quarto do lado, em russo, óbvio. Então, a Fer ligou na recepção do hotel e reclamou do barulho, com toda educação que até lembrei do Niall uma vez em NY, quando estávamos eu, Fer, Niall e Carol no Howard Johnsons em Nova Jersey e uns chicanos fazendo a maior zueira no quarto ao lado e eu e a Caro já indignados, putos da cara e o Niall levantou, só de cueca, deu dois tapas na parede do quarto e falou: could you keep it down please? E os caras responderam: OK, I’m sorry! E ficaram quietos e pudemos dormir em paz. Mas aqui não foi bem assim.
Logo depois da ligação da Fer escutamos batidas na porta do quarto ao lado. Pensei que era a KGB pela força das batidas! Bateram umas 253 vezes e nada. Som da TV continuava no talo. Deu uns dois minutos começou a tocar o telefone do quarto ao lado. Tocou, tcou e parou. Repetiram. Tocou, tocou e parou. E o som da TV continuava no talo. Nisso a Fer me disse: ‘Calcule Di, o maluco aí do lado deve ter tomado todas as vodkas e não vai acordar nem que a vaca tussa’. Nisso, mais batidas na porta e aí eu disse pra Fer: ‘Nega, se o tiroteio pegar, te atira pro chão que eu me jogo pro outro lado’. Mais batidas e o som da TV ainda no talo e de repente ouvi a porta abrindo e então desligaram a TV. Ufa! A Fer virou pro lado pra dormir e eu também. Mas foi aí que desacorsoei (desacorsoei é com s, c ou ç???). O indivíduo do quarto ao lado começou a roncar! Parecia o camarada que morava comigo nos tempos de faculdade, o Lulu! ‘Minhas alma’, pensei! Resultado? Acordamos quase 10 horas da manhã de hoje e fomos pro café da manhã do hotel podre de cansados pela noite mal dormida.
O café da manhã era bom (nada como o do hotel de Helsinki, mas bom). Tinha um bolo que lembrou um pouco minha Vó Lídia. Na TV do restaurante passando um programa de TV do tipo daquele ‘Vídeos Incríveis’ que passa no Brasil, mas só que tudo em russo e com coisas atuais que acontecem na Rússia. Pra vocês terem uma idéia, estava passando até o vídeo daqueles leões que atacaram o treinador faz uns 2 ou 3 dias atrás e a galera toda que estava tomando café e até os funcionários com os olhos vidrados na tela! Pelo jeito a tigrada aqui paga pra entrar na confusão! Bem que o pai me avisou antes de eu sair do Brasil e vir pra cá: ‘Tchê, se lá os caras mandarem tu parar, tu para, que lá eles não pensam duas vezes pra atirar’.
Saímos do hotel para procurar o correio pois ontem uma garçonete do café que fomos à tarde tinha explicado que era em frente à Catedral Kazanskiy. Tiramos algumas fotos e tinha um casal vestido com roupas de época, bem caracterizados, na parte de trás desta catedral, e o moço, um rapaz que me chamou atenção pois era muito bem apessoado, pediu se queríamos tirar uma foto (ou se queríamos que ele tirasse uma foto da gente, bem, não sei porque mesmo ele falando em inglês, vocês sabem que meu inglês não lá tudo aquilo) e então agradecemos e ele perguntou de onde éramos e eu disse que éramos do Brasil. Ele me olhou e falou educadamente: ‘Do you have a coin from Brasil?’ e eu disse que ali comigo não, mas que eu tinha no hotel e depois levaria pra ele e então, como eu tinha uma nota de 2 reais na carteira dei essa nota pra ele que agradeceu e saiu andando de volta para seu par.
Chegamos em frente a tal Catedral, tudo escrito em cirílico e pensei: ‘to enrascado’. Vimos um tiozinho em uma parada de ônibus e fomos no rumo dele.
Chegamos e ‘Do you speak english?’. Ele: ‘español!’. E eu: ‘Donde fica el correo?’ E ele balançou a cabeça negativamente do tipo que não sabia o que era ‘correo’ em espanhol. Puxei uns cartões postais do bolso e mostrei pra ele tentando explicar por mímica o que estávamos querendo e aí ele nos olhou e disse: ‘poshta!’ e eu: ‘poshta!’ e balancei a cabeça afirmativamente! Ufa! Então, ele parou uma tiazinha que estava pasando e começou a falar em russo pra ela e rolou aqueles ‘spasiba’ e ‘pojaloshta’ entre os dois e a ele virou pra nós e começou a explicar em russo aonde era o correio naquele mesmo estilo: segue reto aqui e dobra a esquerda, anda uns 15 metros e é ali. Mas tudo isso em russo e eu sem entender nada! Me segurei pra não rir porque ele foi muito gentil conosco. Mas isso ajuda-nos a confirmar que com educação, vontade e respeito pelas pessoas, mutuamente, mesmo pessoas de línguas tão diferentes, com boa vontade conseguem se entender (pelo menos o básico).
Depois que saímos do correio fomos até a Catedral do Salvador do Sangue Derramado (http://en.wikipedia.org/wiki/Church_of_the_Savior_on_Blood). Inacreditável a beleza desta catedral. Se do lado de fora ela é linda, dentro e de cegar de tanta beleza! Toda decorada com motivos bíblicos, passagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora, apóstolos e tantos outros santos e personagens da Igreja Ortodoxa. Mas ao invés de pinturas, tudo feito em mosaicos. Mármores coloridos são os bancos. Formas geométricas no chão ajudam a dar mais beleza para essa construção que foi atingida por projéteis de artilharia e bombas de aviação nazista na segunda grande guerra e depois reconstruída. As fotos falam mais que as minhas palavras.







Dali, retornamos ao hotel para pegar casacos mais pesados e cachecóis porque o frio começou a pegar. Seguimos nosso passeio de hoje para o lado de outra famosa igreja de São Petersburgo, a Catedral de Santo Isaac (http://en.wikipedia.org/wiki/Saint_Isaac%27s_Cathedral). Essa igreja, durante a guerra serviu de refúgio para muitas das obras do Museu Hermitage e de outras esculturas e obras dos museus de cidades próximas de São Petersburgo. Subimos na cúpula e entramos nela para visitar as obras e museus. Dentro existem colunas azuis e verdes de minerais semipreciosos que não lembro o nome agora. 








Acendemos algumas velas e rezamos para nossos parentes e amigos e após terminar a visita fomos para a praça em frente à esta igreja que tem uma estátua que pensava ser de Pedro, o Grande, mas pelo jeito acho que não era essa.


Fomos caçar o almoço, pois já passava das 2:30h. Para fazer um saving, fomos em um Pizza Hut. Eu sei, eu sei! É um absurdo ir em Pizza Hut, McDonalds e outros do gênero na Rússia, mas a fome e o preço comandam nessa hora. Almoçamos e seguimos a caminhada e paramos no Alexandrovsky Garden que fica junto ao Almirantado (que além de ser uma das mais antigas construções de São Petersburgo é também sede da Escola Naval Russa). Depois de curtirmos um pouco o calor do sol, sentados em um banco nesta praça em frente ao Almirantado seguimos para cruzar o Rio Neva por sobre uma de suas pontes, a Dvortsovy Most de onde conseguimos uma bela vista da Fortaleza de Pedro e Paulo (http://en.wikipedia.org/wiki/Peter_and_Paul_Fortress), e foi provavelmente a primeira construção de São Petersburgo.




Dali, voltamos pro hotel pela Nevsky Prospekt, deixamos as câmeras e fomos em uma galeria que vende alguns souvenirs e depois em um supermercado comprar Actívia, Actimel e pra ter uma idéia de como são os supermercados e o que come o povo russo. Ta certo que um supermercado localizado em na Nevsky não deve ser um supermercado típico russo, mas pelo menos deu pra ter uma idéia!
Pra finalizar, voltamos àquele Singer Café que ontem tomamos um café para repetir um cafezinho lá. Descobrimos hoje que esse café antigamente era uma fábrica de máquinas de costura! Fiquei abismado. Minha mãe tinha uma máquina Singer em casa e muita roupa nossa foi feita ou consertada naquela máquina! Minha Vó Iria bordou em uma máquina Singer a vida dela toda para sustentar seus 3 filhos e eu nunca imaginei que aquelas máquinas, que tiveram tanta importância na minha vida eram de origem russa. Na volta do café pro hotel encontramos novamente aquela mesma família brasileira que havíamos encontrado em Tallinn e ficamos batendo um papo por uns 10 minutos na Nevsky Prospekt.

7 comentários:

  1. puxa vida, que lindo tudo ai! Caí na gargalhada com a historia do hotel, e roncar em russo deve ser ainda mais alto!!
    Que legal as igrejas, eu gosto que voce conta um pouco da historia junto.
    E parece que vejo o Sr. João te aconselhando com "tu para" :)
    beijos, vou ler tudo de novo agora!!

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  2. Amigo Madá, tens que escrever um livro sobre tuas andancas com certeza. E qto a comer em fastfood por ai, tais eh certo, ainda tens uma semana na Franca pra comer em bons restaurantes.

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  3. Que rrrrraiva tentar dormir com ronco. Entre a tv e o ronco, eu prefiro a tv!
    Fico pensando que frio na barriga procurar restaurante mesmo, o que pedir num lugar de costumes tão diferentes e com um cardápio escrito em rsiquinhos??? Bah.

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  4. Fiquei aflita com a história do vizinho barulhento, pensei que no fim tinham ido reclamar com vocês :)
    E que maravilha as igrejas, meu Deus!

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  5. A gte também pensou que ia acabr nos porões da KGB...
    Gabi, a comida dos restaurantes é boa, mas é tudo meio caro, comparado com Pizaa Hut e Mac :)
    E o P Hut é bem gostoso aqui, nao muita gordura, sabe?

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  6. Cada dia fico mais encantada com seu prêmio, Madá. Porque simplesmente você TINHA que ir para esse lugar. Amo ver fotos de vocês dois sendo abençoados pela história, pelos inimagináveis elos que ligam você, e agora a Fer, a isso tudo.
    Que bom que puderam fazer esta andança curtindo tanto e selando em você esta ânsia e desejo de visitar (revisitar? :) o berço histórico de seus antepassados.
    Adoro acompanhar o roteiro com comentários que enriquecem a jornada - de vocês e nossa aqui.
    Beijos, fiquem com Deus.

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  7. ahahahahah!!! e desta vez não era eu roncando e nem tinha travesseiros a mão para jogar...
    Que lindas as igrejas!

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