terça-feira, 26 de outubro de 2010

Paris - dia 24

Esta terça-feira teria sido um daqueles dias que se está em Paris e se anda à toa pelas ruas em meio ao tempo aberto e frio que se agrava pelo vento se não fosse por dois fatos que se opuseram na relação tempo e local.
O primeiro, durante o café da manhã, onde na mesa atrás da nossa haviam duas pessoas, turistas de um local muito mais distante que o Brasil. O Pitoco, Chandon e Merlot, que são muito roots comendo, empatavam com eles mas seria uma baita sacanagem minha comparar os modos deles à mesa à finada Sombra! Tadinha da Sombra que era toda delicada e com jeito para comer e sabia se comportar. Como eu ficava de costas pra eles a Fer pedia pra eu ir mais para o lado para que ela não enxergasse esses rapazes fazendo sua primeira refeição do dia. Entre o barulho emitido e a maneira que empurravam a comida pra dentro do ‘bebedor de lavagem’ era preciso ter tranquilidade para conseguir comer na mesma sala que eles. Haviam 2 casais de língua eslava, que não consegui identificar especificamente qual, sentados em outra mesa próxima e eles estavam abismados! Até mais que nós.
Nosso destino após o café da manhã era o Museu de Moda, Propaganda e Artes Decorativas que fica na Rue Rivoli. Pegamos o metrô na estação ao lado do hotel, estação Argentine, linha 1 e pretendíamos descer na estação Louvre Rivoli mas eu viajei na maionese e desembarcamos na estação Tuileries, duas antes da que queríamos. Embarcamos no próximo trem e então saltamos na estação correta.
No metrô parisiense existem diferentes tipos de trens em funcionamento. Alguns mais antigos, outros mais novos. Alguns possuem um tipo de tramela para abrir as portas, outros um botão e outros abrem automaticamente. Alguns trens possuem rodas de ferro e outros rodas de borracha maciça. Uns permitem a circulação entre os vagões (como os de Barcelona) e outros não. Achei isso muito interessante. A experiência que tivemos na nossa primeira viagem no metrô em Paris foi nas linhas que levam letras ao invés de números e são providas com os trens de dois andares. Nas outras linhas, com números, acredito existirem mais trens porque são muito menores os tempos de espera entre um carro e outro.
Saímos da estação e iniciamos a nossa procura pelo museu desejado. Andamos algumas quadras em direção à Champs-Élysées e não o encontramos e foi então que vimos uma pequena placa que indicava o nosso destino. O localizamos em frente à uma bonita estátua de Joana d’Arc e entendemos que este museu é no mesmo complexo do Louvre e Jardin de Tuileries (de costas para o Louvre ele fica no prédio da parte frontal direita).
Joana d'Arc
Pagamos a entrada que custa 9 euros, deixamos nossos casacos e começamos a visitação. Existem ali muitas jóias expostas (que depois nos certificamos que foi a melhor coisa que vimos) e segundo o mapa dado na entrada haveriam dois locais, no primeiro e segundo andar destinado somente para moda e tecidos. Andamos, andamos e andamos. Vimos objetos de decoração, nos perdemos em uma entrada que nos levou à biblioteca (inclusive vale comentar que para quem estuda Moda ou Design, uma visita nesta biblioteca deve valer muito à pena) e voltamos pelo mesmo caminho porque não havia outra saída desta grande sala de estudos e depósito desta bela e vasta coleção de livros e chegamos a uma sala onde conseguimos visualizar poucos casacos. Todos de pele. Um de pele de urso-polar, outro de pele de leopardo e outro de pele de gorila! Ficamos impressionados e a Fer comentou do impacto que a Chanel causou quando no início do século XX começou a mudar o conceito na moda. A prática de se utilizar peles de animais na moda é cada vez mais condenada e entendida não só como antiecológica mas como grotesca ainda é admirada e utilizada por muita gente e espero, sinceramente, que isso venha a acabar antes que acabem os animais selvagens com os quais se fazem estas roupas.

“Eu acredito que, no ocidente, bem poucos realmente compreendem a importância da natureza em nossa vida, ainda que se fale sempre mais de ecologia. Mas o que se faz na prática?
Quando se fala de defesa do meio ambiente, nós nos referimos a muitas coisas. Mas, em último caso, a decisão deve vir do coração: penso que a resposta seja aquela de ter respeito pelo mundo.” (Dalai Lama - extraído do livro Everest, Diário de uma vitória de Waldemar Niclevicz).

Depois de tanto procurar encontramos uma funcionária do museu e perguntamos sobre a parte de moda e tecidos e ela nos disse que não mais estava em exposição. Pelo que entendi, somente à partir de 25 de novembro estará novamente. A Fer ficou visivelmente decepcionada e decidimos ir embora, rumo ao segundo objetivo do dia, a Body Shop da Rue Rivoli.
Ao sairmos do museu decidimos tomar um café no Starbucks pra esquentar e seguir nossa caminhada. Entramos em várias lojas no caminho e não via a hora de chegarmos na Body Shop…
Em frente à Body Shop da Rue Rivoli existe uma estação de metrô chamada ‘Hôtel de Ville’ e dali, via linha 1, fomos até a estação Argentine para deixar umas sacolinhas no hotel antes de irmos para o objetivo final do dia: subir na Torre Eiffel e almoçar no restaurante que lá existe.
A Fer me esperou na estação e rapidamente fui até o hotel deixar as coisas e voltei e dali rumo à estação Charles de Gaulle Etoile e conectando para a linha 6 até a estação Bir-Hakeim. Decidimos ao invés de sairmos nessa estação e andar pela rua até a Torre Eiffel, irmos pelo subterrâneo até a estação Champs de Mars Tour Eiffel para conhecermos e sairmos mais próximo da torre.
Ao chegarmos na torre aquela multidão aguardava na fila e vi duas patrulhas de soldados do exército francês e alguns integrantes da polícia francesa por ali. Logo vimos que a fila para subir na torre não andava e vimos que as subidas à torre estavam temporariamente suspensas devido ao grande número de pessoas que estavam lá em cima. Fomos até o guichê onde se fazem as reservas para o restaurante e a moça nos disse que se quiséssemos até poderíamos almoçar no restaurante, mas que ela achava que antes das 6:30 da tarde não conseguiríamos subir e essa era a hora que encerravam as reservas do almoço e então iniciariam as reservas da janta. Nesse momento os relógios marcavam 4 da tarde!
Decidimos então comprar um cachorro quente e umas batatas fritas ali mesmo e comer embaixo da torre. Já que não daria pra subir o negócio seria improvisar.
Ainda, fomos até a beira do Sena para ver se andaríamos de Bateau Mouche mas não nos empolgamos de pagar os 13 euros por ticket.
O negócio seria retornar para a estação Bir-Hakein e irmos para a Charles de Gaulle Etoile e voltar pro hotel para descansar e foi aí que o segundo episódio inusitado do dia aconteceu.
Existem várias pessoas que ficam no pé da torre e em seus arredores vendendo chaveiros e réplicas da Torre Eiffel com os produtos expostos sobre panos estendidos no chão. São todos oriundos das ex-colônias francesas na África (tunisianos, argelinos e outros). Quando estávamos em frente ao Centro de Cultura Japonesa, já bem perto da estação, um princípio de tumulto e dois desses caras, negros, juntaram as coisas do jeito que deu (inclusive um deles deixou cair todos os seus produtos durante a correria) e já vi dois caras dominando um outro negro e imobilizando ele contra o chão e um terceiro desses seguranças ou policiais disfarçados, não sei, juntando a coisarada que ele vendia. Passamos em meio ao restante das pessoas que ali transitavam e ao chegar na entrada da estação Bir-Hakeim, vi mais dois caras algemados, sentados no chão e de cabeças baixas e dois policiais à paisana segurando eles pelos braços e uma policial feminina, também à paisana com a mão dentro da blusa como quem segura uma arma.
Desembarcamos na estação Charles de Gaule Etoile e fomos até o McDonalds para tomar um café e a Fer um milk shake.
Então retornamos para o hotel dando voltas pelas ruas que contornam o Arco do Triunfo e mais tarde um pouco fui até o restaurante chinês em frente ao hotel e peguei um yakisoba com um franguinho para jantarmos.
Ainda não desistimos de subir na torre. Amanhã faremos nova tentativa.
Fer na beira do Rio Sena

3 comentários:

  1. Quer dizer entao que o amigo presenciou o famoso "rapa" em Paris? Que chique.

    Cara, eu agoniado que sou com barulho de gente comendo perto de mim ja teria dado o pinote e tomaria cafe na rua.

    Abs.

    Ju

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  2. Pena que os museus de moda estão justamente num intervalo entre exposições...
    Vai ter que voltar em outra época, Fer! :)

    Beijos!

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  3. ah eu tambem ia passar mal com o povo comendo.. "barulho de boca" como diz a mae - ui! :)

    Barbaridade, foi feia a coisa entao. Camelô nao tem vez nem na 25 de marco nem na torre Eiffel!

    que pena mesmo o museu, mas que bom que deu pra se entreter no dia :)

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