domingo, 10 de outubro de 2010

São Petersburgo - dia 8


Hoje acordamos e fomos tomar café em uma rede de cafés russa, chamada "Кофе Хауз"!  o que provavelmente se pronuncia ‘cofe kauz’. Café bom (esse valeu D. Elsa!). Tomei um café simples (eles chamam de americano) e um strudell com uma bola de sorvete e a Fer chá de frutas com sanduíche e depois um cheese cake com cereja.
Ainda quando estávamos dentro do café começou a chover. Saímos e fomos para o Museu Hermitage (http://en.wikipedia.org/wiki/Hermitage_Museum).
Foi a melhor escolha para este dia chuvoso porque as demais atividades que não fizemos aqui teriam sido prejudicadas pelo tempo. Atravessamos a praça (Dvortsovaya Ploschad’) em frente ao museu aonde fica a Alexandrovky column (dizem que o anjo que existe em cima desta coluna tem o rosto do próprio kzar) e fomos rumo ao museu.
Na entrada reparamos que a galera é meio pouca prática. Na fila, que demorava pra andar meio que me senti no Brasil quando um camarada que estava bem em nossa frente se estressou e deu uma meia volta e passou na frente de todo mundo e foi direto ao caixa comprar a entrada dele. A mulher que era a próxima da vez ficou indignada, falou algo pro cara, mas ele se fez de louco, que nem ouviu e deu de costas pra ela, já com o ingresso na mão e foi pra entrada principal aonde ficam as catracas e detectores de metal. Otário tem em tudo que é canto mesmo. Se ele fosse herói da Rússia ou da União Soviética, tivesse recebido a medalha de Cerco à Leningrado ou fosse diplomata, alto cargo político ou membro do conselho do museu ele não precisaria ter feito o que fez. Mas novamente, otário tem em tudo que é canto.
Enquanto a fila andava, vi que para o lado de fora havia ficado uma galera, na chuva. De repente liberaram para estas pessoas entrarem e já quase que fomos logrados pelos fura-filas, mas não aconteceu isso. Ainda bem. Mas isso tudo aconteceu em menos de 10 minutos que ficamos na fila. Depois dos ingressos comprados para o museu (400 rublos cada, o que dá cerca de 22 reais) deixamos os casacos e as câmeras fotográficas e filmadoras nos respectivos guarda-trecos e entramos.
O Hermitage! Acho que não conseguirei descrever o que senti e o que vi no Hermitage. Desde peças do segundo milênio antes de Cristo até pinturas modernas. O museu é muito grande, abrigado por diversos prédios. Não há como ver tudo em um mesmo dia, acredito.
Fomos na parte que tinha cadernos (na verdade placas de argila) com caligrafias sumérias e acadianas. Exposição do Egito antigo, com sarcófagos (me impressionou o tamanho de alguns deles) de madeira, pedra e argila. Vimos sarcófagos também dos romanos (até então não sabia que romanos também tinham sarcófagos), com decorações externas ao exemplo dos egípcios e com um tipo de um ‘ralinho’ ou no centro ou no canto dos mesmos. Vimos também um sarcófago grego, mas o que chama atenção é que no sarcófago grego, a decoração era do lado de dentro.
Esculturas em mármore gregas e romanas. Estátuas de Júpiter, Afrodite, Dionísio e um companheiro dele de baladas com cara de pirado e diversas outras. Mas diversas mesmo. Uma quantidade inimaginável de obras esculpidas à tantos e tantos anos.
O problema é que não se sabe se olha-se para as estátuas ou para as paredes e teto do Hermitage, que por si só já é deslumbrante e em cada um dos andares e salas e escadas deslumbra. Esse palácio, mesmo se não tivesse nenhuma obra de arte poderia ser um motivo de visitação.
Dali, seguimos nossa visita indo para o segundo andar do museu, aonde pudemos ver diversas obras da cultura russa, arte francesa dos séculos 15 à 18, arte espânica, germânica, ‘flemish’, italiana, holandesa e armamentos antigos como espadas, armaduras de homens e cavalos, escudos e outros tantos.
Numa dessas, estávamos em uma das tantas salas e olhei para uma estátua e vi que era de Michelangelo! Depois de andarmos mais um pouco, uma pintura de Leonardo da Vinci. A parte dos móveis e aposentos dos czares é de chorar! Tudo muito bonito e bem decorado. Não falta malachita nas peças e em algumas colunas. Móveis lindos contrastam com a beleza de vista das janelas que ficam de frente para o Rio Neva e suas margens rodeadas de suntuosas construções e cortado pelas pontes sobre este rio. Descemos novamente para o primeiro andar, pra descansarmos um pouco antes de irmos pro ápice, que fica no terceiro andar.
Quando subimos para o terceiro e último piso, tanto da parte liberada do museu quanto da construção como um todo (uma característica das construções aqui em São Petersburgo é que não passam de 5 ou 6 andares e possuem muitas, mas muitas janelas), chegamos pela parte da arte antiga bizantina e leste próximo (que aqui pra eles fica tudo na região da antiga Bizâncio, ou Constantinopla, ou Istanbul, depende de como quisermos identificar). Cimitarras, armaduras e armamentos antigos turcos contrastam com os utensílios diversos e moedas (que antes que eu esqueça nesse museu tem moedas gregas, romanas, e tantas outras que nem consigo falar aqui). Tapetes, roupas feitas de veludo turco e tantas outras coisas.
Chegamos então na parte mais esperada: as galerias de arte européia dos séculos 19 e 20. Pinturas de Monet, Pablo Picasso (que estou começando a aprender apreciar), Cézanne, van Gogh, Matisse e tantos outros. Mas nada de 2 ou 3 telas de cada! Muita coisa! Salas inteiras somente com pinturas desses artistas. A Fer me mostrou a diferença das pinturas de Picasso no início, com quadros ‘normais’ e depois a sua evolução para as formas geométricas, características de suas obras. Esculturas de Rodin e Botero, entre outros ajudam a enriquecer ainda mais o acervo deste museu.
As últimas salas que entramos eram de artefatos de arte da China, Índia e Japão. Três coisas mais me chamaram atenção nestas últimas salas que visitamos neste belo museu: as roupas de samurais, bem como vemos em filmes; algumas ‘katanas’, as famosas espadas japonesas e a descrição que estava embaixo de acho que 70% das peças destes artefatos do extremo oriente de que elas até 1945 pertenciam a um museu de Berlim. Isso me fez acreditar que os soviéticos trouxeram de lá essas peças após tomarem a cidade decretando então o fim da segunda grande guerra, e depois ‘esqueceram’ de devolver.
Tenho certeza que esqueci de contar muita coisa que vimos nesse museu pois não há como lembrar nem contar tudo o que pudemos ver ali. Mas com certeza, não é somente em um dia que poderíamos ver e conseguir contar tudo o que há nesse lugar. Se alguém tiver curiosidade em fazer um tour virtual, nesse endereço dá pra ver algumas coisas: http://www.hermitagemuseum.org/html_En/index.html.
Na saída pegamos uma boa chuvinha até o hotel (que fica a uns 250 metros da Dvortosovaya ploschad’) e depois saímos pra jantar, pois saco vazio não para em pé.
Nesta segunda, 11 de outubro, seguiremos a viagem rumo a Moscou aonde ficaremos até quarta. Há previsão de chuva e neve, mas espero que isso não atrapalhe a nossa aventura na capital da Rússia com sua Praça Vermelha, Kremlim e a esperada Catedral de São Basílio.
Do svidania!

5 comentários:

  1. Muito massa Madá, deve ser legal mesmo ver tanta historia que tinhamos apenas visto nos livros do colegio.
    Ve se encontras com o Wagner Love em Moscou homeee, hehehe.

    Grande abraco.

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  2. Que legal, Madá! Se eu um dia me aventurasse pra esses lados, com certeza o Hermitage seria uma das coisas que não poderia deixar de visitar! Já vi fotos e também documentários sobre ele na tv, mas sei que vendo de perto a gente fica até meio atordodada...

    Boa viagem até Moscou, Deus acompanhe!

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  3. Puxa vida, parece que voces acertaram em esperar ate hoje pra ir la mesmo! Com a chuva e o frio, nada melhor que ficar pra dentro :)
    Boa viagem ate Moscow, e se cuidem!

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  4. Fico imaginando as carinhas de vocês contemplando estas obras de arte e de história num lugar tão especial.
    Mesmo que esqueçam de algumas peças, de algumas informações, nada vai tirar de dentro de vocês a experiência de estarem ali e sentirem a grandeza que é ficar diante de certas coisas nesta vida.
    Boa viagem amanhã, que Deus acompanhe e proteja, que o pé da Fer fique bom.

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  5. Gents!!! mágico!!! ler tudo isso e conhecer através de voces tanta história e cultura! obrigada!! aproveitem! se cuidem! beijão Alice e Fábio

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