quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Istambul - dia 12

Às 6 da manhã de hoje pude escutar as preces muçulmanas da Salát Assobh (que é a oração da manhã dos muçulmanos). Para nós, que não conhecemos a religião muçulmana e nem os ensinamentos do profeta Maomé, em minha opinão pessoal, podemos considerar uma benção termos esta oportunidade de escutar esta oração que vem em forma de ‘cantiga’ dos megafones instalados no alto das minaretas das diversas mesquitas que existem aqui em Istambul. Alláhu Akbar!
Depois do café da manhã, que ainda não bate o do Sokos Hotel Helsinki, saímos para explorar a região de Sultanahmet, na chuva!
Saímos do hotel e por sorte (ou destino) vimos uma placa indicando uma lavanderia expressa! ‘Tamo salvo’, pensei! Andamos uns 500 metros de ruas estreitas tentando achar as lavanderias até que pimba! Achamos e amanhã vamos finalmente lavar algumas roupas que nos deixarão vestidos até o final de nossa jornada daqui a 13 dias.
A rua que leva para a Hagia Sofia (esse é o nome em português do Brasil para a Aya Sofia, que teve sua primeira construção inaugurada em fevereiro de 360. Isso mesmo. 360 d.C! E a atual em fevereiro de 532. Ou seja, a construção tem quase 1500 anos) é bem estreita e com calçadas somente do lado esquerdo de quem sobe a ladeira e essas calçadas são um pouco danificadas e com pedaços de terra, que com chuva formam lama. A rua de paralelepípedos, com buracos entre as pedras (sem cimento ou argamassa) fica um pouco escorregadia em dias chuvosos e atenção é necessária para não tomar escorregões e as chamadas ‘rasteiras do diabo’. Os motoristas aqui dirigem que nem uns loucos. Mais que em São Petersburgo!
Íamos subindo, a Fer na frente e eu logo atrás, com a cabeça baixa devido a chuva e de repente ‘poff’, uma porrada seca em meu braço e o carro passou rápido e jea parou logo à frente! O retrovisor do carro atingiu meu braço esquerdo, e por sorte no osso mais duro do corpo humano, o do cotovelo. O motorista abriu o vidro e perguntou ‘all right?’ e eu puto, respondi: ‘is it the turkish hospitality?’ e ele ‘do you want me to take you to the hospital’ e como não havia sido nada disse ‘no, I’m all right’ e segui andando. Pra mim é meio inaceitável que em ruas tão estreitas de uma parte histórica da cidade os caras deixem passar ônibus de turismo, desses bem grandes e carros andem com a velocidade que andam. Mas deixa pra lá! Não foi nada e não é isso que vai estragar nosso passeio em Constantinopla.
Dali fomos procurar o Grand Bazar, famoso na região! Passamos por um calçadão legal no caminho e vimos o transporte público chamado de ‘tram’, que é na verdade uma espécie de metrô de superfície, bem bacana.
Chegamos no Grand Bazar e a coisa é de impressionar! Um grande espaço que não consigo precisar a metragem quadrada, em uma construção muito antiga e com pinturas feitas a mão, provavelmente, em suas paredes e tetos. São mais de 5 mil lojas pelo que escutamos falar. E devem ser mais que isso pelo que vimos! Lojas de jóias (prata, ouro, pérolas), tapetes, pashminas, luminárias de vidro coloridas, roupas, louças feitas à mão, doces, almofadas e colchas e tantas outras! Todos em pequenos boxes e com bons negociantes. Gastamos umas 3 horas lá dentro, ou mais. Os comerciantes se comunicam em todas as línguas. Se prestarmos atenção em um único desses comerciantes tem como reparar ele falar árabe, turco, alemão, inglês, espanhol, português, russo e sabe-se lá mais o que! Não que eles falem todas essas línguas, porque a língua que domina as negociações entre as pessoas é o inglês e entre os lojistas o turco, mas pelo menos poucas palavras em cada língua das acima citadas os caras falam. Tô falando que a turma aqui é boa de negócio!

No Grand Bazar de Istambul
Loja de luminárias no Grand Bazar
No Grand Bazar de Istambul
 Entramos em várias lojas. Eu trocava idéia com algum dos donos das lojinhas e quando dizia que era brasileiro e no meio do papo falava em futebol, vários deles, acho que uns 70% falava no Alex, jogador do Fenerbahçe, que é um dos principais times aqui da Turquia e o Alex, brasileiro de Curitiba, é o capitão deste time. O cara aqui é ídolo! Muito legal isso. Dali, retornamos pro hotel deixar a coisarada comprada(pra nossa casa e pra Fernanda Quandt Vestidos de Festa)

Gatos de Istambul
 Em frente a Mesquita Azul tem vários gatos de rua! Chega a impressionar a quantidade e a folga da gataiada! Eu fui tentar trocar uma idéia com um deles e cheguei perto e estiquei a mão e ‘fsit’!! Arranhão na mão! Putz grila, não era o dia de muita sorte hoje pelo jeito. Como sempre levo na mochila álcool gel, desinfetei o local arranhado e estava sossegado.

O gato que não gostou muito de mim
 Ainda comemos mais uma espiga de milho e castanhas portuguesas (aquelas que nascem dentro de ouriços de espinho) assadas! Nunca tinha comido castanhas portuguesas assadas na brasa. Somente comi cozidas minha vida toda (lá em Lages era muito comum termos essas castanhas em casa quando éramos crianças). Fomos para tentar visitar a Mesquita Azul, mas tinha uma fila gigante. Cheio de pessoas oriundas de várias partes do mundo e que estavam em umas 8 excursões que haviam chegado todas ao mesmo tempo naquela mesquita. Desistimos e decidimos então almoçar.

Mesquita Azul (Blue Mosque)

Hagia Sofia
 Fomos em um restaurantezinho bem em frente à praça frontal dessa mesquita e a Fer comeu chicken shish (que na real é um espetinho de frango) e eu almôndegas (chamadas por eles de meatballs) mas sem molho, que também são bastante apetitosas. Dei um pedaço de uma de minhas meatballs e o restinho do frango que ficou grudado nos espetinhos de madeira do prato da Fer para uma gata que estava pedindo comida embaixo de nossa mesa. Comida boa e preço justo em um restaurante no principal ponto turístico da região de Sultanahmet.
Voltamos então para entrar e visitar a Mesquita Azul e para entrar pegamos uma fila que levou uns 15 minutos. Ao chegar perto da porta de entrada desta mesquita deve-se retirar os calçados e colocea-los dentro de uma sacolinha plástica que é dada, sem taxas, pela direção do local sagrado.
Dentro da mesquita, toda carpetada e quando digo toda é porque ela é toda, 100% coberta por carpetes que na verdade é um gigante tapete existe uma cerca que separa os visitantes dos fiéis que lá vão orar (inclusive, a visitação é proibida para não muçulmanos meia hora antes e meia hora depois dos 5 momentos diários e oração). Achei que o chulé era meu, mas na real, o cheiro parece ser impregnado dentro da mesquita. Todas as milhares de pessoa que visitam este templo diariamente, mais os fiéis e pisando no carpete...calculem. Tirando isso o lugar é impressionante. Não há imagens, pois os muçulmanos não adoram nenhuma imagem. Textos em árabe, provavelmente versos do Corão ou então palavras do profeta Maomé decoram algumas partes do templo. Pinturas enfeitam todas as suas paredes e cúpulas e fios descem segurando a estrutura de lâmpadas que auxiliam na iluminação interna de sua nave. Existem várias janelas, mas somente elas são insuficientes para dar a iluminação necessária, eu acho!

Dentro da mesquita
Detalhes do teto - pinturas e inscrições em árabe
Carpete no chão
 Sentamos um pouco no carpete, perto de uma grande coluna, e fizemos nossas orações, de nosso jeito, óbvio, em silêncio e com respeito aos fiéis que ali estavam e rezavam na área a eles dedicada (que é a maior área da mesquita). Outra coisa que reparamos é que as mulheres rezam em um lado da mesquita e os homens de outro, separados.
Ficamos lá dentro por pelo menos meia hora e quando estávamos saindo, um fiel começou a gritar algo em árabe e gesticular bastante. Já comecei a olhar e pensar em alternativas e ver se a Fer estava por perto para nos protegermos! Já estava até preparado para o clarão e o estrondo que seria produzido pela explosão e o impacto que causaria, mesmo estando esse figura bem distante de nós. Nisso, um segurança da mesquita, também muçulmano, saiu correndo em direção ao fiel que estava a mais de 100 metros de nós, que estávamos na saída, do lado oposto da mesquita para dominá-lo ou para contê-lo. Índio velho corajoso esse! Não sei o que aconteceu porque já estávamos de saída e seguimos nosso caminho. Safety first!! Imagino que o cara devia estar indignado por ver dentro da mesquita um grande número de ‘infiéis ocidentais’! Sei lá! Mas tem cada pirado!
Dali voltamos para dar mais uma volta no mercado e tomar um suco de romã, que aqui vende muito na rua.
De noite, fomos em um restaurante, recomendado em um guia do Lonely Planet que funciona desde 1920, ou seja, ainda era o Império Otomano quando ele foi inaugurado. Eu e a Fer comemos almôndegas (meatballs). O cardápio deste restaurante tem duas opções de carnes, duas de salada, arroz e pouquíssimas bebidas. Cheio de turcos comendo lá. Pessoas bem vestidas e que parecem ser importantes em suas atividades. Considero um bom sinal quando se vai em um restaurante e os locais comem lá. Isso quer dizer que o lugar é tradicional e a comida é a comida local. Comida boa e de qualidade. Nome do restaurante: Tarihi Sultanahmet Köftecisi Selim Usta. Masá!!
Como lá não havia café, paramos no restaurante da esquina para tomar aquele Turkish Coffe que é um café que parece aqueles cafés de acampamento, onde se ferve o café junto com o pó e açucar e depois coloca-se a brasa dentro da chaleira de ferro para baixar a borra. A diferença é que nesse café turco, não vai a brasa, ou seja, a borra vem junto.
Vamos agora ver o que o dia de amanhã reserva. A idéia é sairmos do Sultanahmet e irmos pra parte moderna da cidade e se conseguirmos, então vamos cruzar o Estreito de Bósforo e pisarmos oficialmente no Continente Asiático.

6 comentários:

  1. Muito massa Madá,

    "Atropelado, arranhado, quase explodido?" hehehe What a day!

    Se tiveres a oportunidade experimenta o cha preto deles ai. Tem uma bebida que tem canela que agora esqueci o nome que tb é muito boa.

    Abs.

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  2. Sabe que fiquei pensando no chulé quando você falou sobre tirar os sapatos, e ri pra valer quando você pensou que era só seu...
    Imagino minha cara olhando pra essas luminarias todas - lindas! e tudo nesse mercado modesto : )
    Cuidado com estes gatos!!! Cuidado com esses loucos muçulmanos! Cuidado com os motoristas barbeiros!
    Estou devorando os relatos, agora preciso apreciar as fotos : )
    Beijos, fiquem com Deus.
    *nossa, que legal - ainda tem 13 dias de viagem!!!

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  3. Masá!!! Incrivel como qualquer dia na vida do Madá Bourne é repleto de aventuras :D

    Ri muito com a historia do chulé no tapetão da mesquita! Era de se imaginar, mas nunca pensei nem vi ninguem comentar isso antes :)

    O Bazar deve ser demais!

    Cuidem-se, bom passeio amanhã.
    Aguardo ansiosa o novo post, estou adorando a viagem!

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  4. Chulé, fuuui. E tô intrigada com o café. É ruim e forte, ou isso num qué tizê? Muito legal esse mercadão, é de enlouquecer o sujeito mesmo.
    *Mas a parte que eu gosta mais é das comidas... Tira uma foto desse prato de aperitivos que a Fer falou no email?
    Beijo, bom passeio amanhã.

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  5. gente morri de rir com "cheio de turcos comendo la"!! E com a historia do safety first. Que aventura, ate arranhada de gato ganhou! ai, ai!

    Cuidem-se, e que venham mais aventuras - mas sem muuuuita emocao, que o coracao da gente nao guenta :)
    beijos!

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  6. Gabi, o café é otimo. Vem numa xicrinha pequena e nao pode dar o ultimo gole, senao acaba mastigando o pó!

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