sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Istambul - dia 13

Salam Malenko! Hoje não acordamos com as orações vindas dos auto-falantes das minaretas da Mesquita Azul. Elas iniciam as 6 da manhã, mas acordamos por volta das 8 e depois fomos para o café da manhã.
Como já era planejado, levamos nossa roupa suja por esses já 14 dias em viagem (5 quilos de roupa!!) e depois do suco de romã matinal, em frente a Hagia Sofia, fomos descobrir a maneira de comprar os passes do ‘tram’ para conseguirmos atravessar o ‘Golden Horn’, ou ‘Chifre Dourado’, e ir para a chamada parte nova de Istambul e ainda se possível, atravessarmos o Estreito de Bósforo e assim irmos também para o lado asiático da cidade.
Detalhe da máquina de espremer de romãs para fazer suco
O Golden Horn é um istmo na entrada do Estreito de Bósforo que já serviu de base para a armada do Império Bizantino que junto com as muralhas que foram construídas defendia Constantinopla do ataques inimigos naqueles tempos. Esse estuário tem 7,5 km de comprimento e em sua largura máxima tem 750 metros. Sua profundidade máxima de 35 metros é atingida no ponto onde ele encontra o Mar de Mármara, bem perto da Ponte de Gálata.

Pegamos o ‘tram’ depois de comprar as fichas que são colocadas em uma roleta na entrada das estacões. Essas fichas custam 1,5 liras turcas e são tipo aquelas fichas do Transol de Floripa ou do Transul de Lages, de plástico (que inclusive, a diferença entre as duas fichas era somente a cor: azul em Lages e cinza em Floripa e nas duas tinha escrito: Transportes Urbanos Nossa Senhora dos Prazeres). O trenzinho tem um design moderno e no mapa das estações além do nome de cada estação, existe escrito em inglês, o nome da atração turística mais próxima a essa estação, o que facilita a localização do turista. Reparei, pelo menos enquanto utilizávamos este transporte, que ele é muito mais utilizado por locais que por turistas. Embarcamos na estação Sultanahmet e no deslocamento, andamos com o Mar de Mármara à nossa direita, cruzamos a Ponte de Gálata, que liga a velha Istambul à nova Istambul, e fomos até a estação Kabataş. Ali, desembarcamos por ser o final da linha e reparamos que à nossa frente estava o Estreito de Bósforo.
O Estreito de Bósforo, além de dividir a Ásia da Europa, também divide o Mar Negro do Mar de Mármara que depois através do Estreito de Dardanelo irá ligar aos mares Egeu e Mediterrâneo, sendo portanto uma importante rota de navegação internacional. Tem 31 km de comprimento e na sua parte mais larga 3,3 km de largura e profundidade máxima de 124 metros.
No Estreito de Bósforo
Já que estávamos ali, agora o negócio seria cruzar este estreito e pisar na Ásia! Caminhamos uns 3 quilometros, com uma chuva fraca, até chegarmos em um ponto próximos a uma das duas pontes que existem sobre este estreito onde tem um sistema de ferry boats que fazem esta travessia. Eu gostaria mesmo de ter cruzado a ponte à pé, mas dessa forma é proibido de cruzar para a Ásia, pelo menos nessa primeira das duas pontes que agora não lembro o nome.
A passagem no barco custa 1,5 liras turcas e é comprada somente em ‘one way’ e a volta deve ser comprada no outro lado (pelo mesmo preço). Após 10 minutos de travessia estávamos na Ásia!
Nós no barco para a travessia do Estreito de Bósforo

O desembarque é feito bem em frente à uma das várias mesquitas e reparei uma ‘cisterna’ em frente a essa primeira mesquita, com várias torneiras. Eu já havia reparado várias torneiras na Mesquita Azul também. Essas torneiras são para os fiéis muçulmanos se prepararem para a oração. Existe todo um ritual de lavagem do corpo, principalmente rosto, pés e mãos que os muçulmanos fazem antes de orarem. Somente depois deste ritual de lavagem, chamado de ablução, que a reza é permitida. Várias coisas invalidam a oração muçulmana, entre elas, gases! Acho que eu teria sérios problemas com minhas orações se eu fosse muçulmano!
Cisterna para preparação para as orações
Cachorro quente com batata frita
Estreito de Bósforo. Do outro lado, o lado europeu, é possível notar a Hagia Sofia.
Tiramos algumas fotos e fizemos amizade com uma cadela de rua, que chamei de Layka. O rapaz de uma banquinha, aonde comemos um cachorro quente com batatas fritas, me fez sinal para pedir a mão da cadela e assim o fiz. A tadinha levantou e deu a patinha! Acho que ela já é meio que o cachorro da galera por ali e faz esse truque direto.
Pegamos o barco e voltamos pra parte Européia e também chamada de nova Istambul. Pegamos o ‘tram’ de depois de passarmos a Ponte de Gálata decidimos parar na estação Eminönü que é a estação do mercado de especiarias, também chamado de Mercado Egípcio. Antes de visitarmos este mercado, decidimos comer em um restaurante, que infelizmente não anotei o nome, que data de 1860! Comi meatballs e a Fer arroz com salada! Considerei uma benção pois durante nosso almoço iniciaram as orações na mesquita que fica logo depois da ponte e ao lado do mercado. O dono do restaurante, acho que não curte muito a religião muçulmana pois olhava para mim e para a Fer e dizia: ‘Curan is not good, is not good!’. Pensei: ‘Que louco!’. Mas cada um na sua e 'pinto que come pedra, sabe por onde ela sai! Pra não escrever o ditado na íntegra...
Ponte de Gálata e Torre de Gálata ao fundo
Depois do almoço fomos para o mercado de especiarias. As orações continuavam acontecendo e haviam muitos fiéis rezando no interior da mesquita e do lado de fora, sobre a calçada um ônibus e um soldado, com um fuzil fazia a escolta deste ônibus! Dá pra notar que aqui o sistema é bruto! Vacilou já era!
Do lado esquerdo da foto o Egipcian Bazar ou Mercado de Especiarias
No mercado vimos muitas coisas interessantes. Temperos como curry, cominho, açafrão, mostardas em pó e tantos outros. Vários doces turcos. Chás diversos (jasmim turco e chinês, de limão, laranja, maçã e tantos mais). Sementes, pássaros, cactos, tartaruguinhas e rações para animais. Mas o que realmente me chamou atenção foram os sanguessugas que eram vendidos em uns dois os três locais para tratar de enfermidades e doenças! Roots? 'Chamichunga' fazia tempo que eu não via!
Sanguessugas à venda no mercado egípcio
Dali, pegamos novamente o ‘tram’ e descemos na estação do mercado turco, o Grand Bazar, para darmos mais uma volta lá e tentar achar o correio. Olha, rodamos, pegamos explicação até que chegamos. A fila parecia do INPS! Decidimos então que iríamos pagar um pouco a mais nos selos, mas não ia rolar ficar naquela fila.
Voltando para o hotel paramos para tomar um ‘çai’, que é o chá turco, em uma cafeteriazinha legal, chamada ‘Mado’. O camaradinha de lá nos ensinou várias formas de se preparar o ‘çai’. Tipo ‘half spoon, this water (apontando na chaleira), five times (querendo dizer 5 minutos) and 3 portions!’. Depois ainda nos indicou onde havia uma caixa de correio, mas como a explicação foi beeemm roots, não conseguimos achar. Mas o carinha foi bacana e bem atencioso se esforçando para nos explicar as coisas.
Voltamos para o hotel eram umas 4 da tarde e esperamos até as 7 da noite para buscar nossas roupas na lavanderia. Nesse meio tempo dei uma 'babada'! A Fer também.
Depois de termos pego nossas roupas fomos jantar em outro restaurante típico (Çigdem Patisserie), com várias comidas já prontas, onde já se pede o rango que quer pro tiozinho na entrada do restaurante, ele serve e na sequência já paga e senta pra comer. A Fer comeu abobrinha com pure e batata e queijo por cima e eu comi meatball. Essa também tinha pure de batata por cima.
Dali, tomamos um ‘çai’ com alguns doces como sobremesa no mesmo lugar de ontem e fomos procurar um supermercado e farmácia pra comprar uma pasta de dente. Achamos um pequeno, mas já deu pra ter uma idéia do que o pessoal aqui come em casa e dos produtos locais. Da Danone, vi somente uma bandeja de Danette (que estava quebrada e grudada com durex) e um leite fermentado em caixinha tetrapack.
Amanhã a idéia é visitar o Museu da Hagia Sofia, o Topkapi Palace e as antigas cisternas.

Hagia Sofia à noite
Blue Mosque à noite

7 comentários:

  1. puxa vida que roots! voces pisaram na Asia!!
    Adorei a foto da Hagia Sofia a noite, e da Blue Mosque.
    Voce falou "sanguessugas no mercado egipcio" - e mesmo, ou voce quis dizer turco?

    *adorei o Danette grudado com durex :D

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  2. Quando tu falou das sanquessugas logo lembrei do John J. Rambo.

    Muito massa pisar na Asia ne? Mais um continente pra lista.

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  3. Pra lá de cosmopolitas: segundo dia na Turquia e já estão acostumados com as orações da manhã! :)

    Constantinopla, Mármara, Gálata, Bósforo, nomes dos livros de história e geografia, que eu sempre li como algo bonito, grandioso e distante toda vida. E agora vocês dois chegaram até aí, que coisa incrível!!

    Muito muito linda a Hagia Sofia de noite!

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  4. I want to know if you are going to see Fenerbace or Galatasary play football, PJ here

    E eu achei bem legal que vocês foram pra Ásia!!! Mesmo que só um pouquinho. Madá, vc vai ter crise de abstinência de meatballs quando voltar..... :)

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  5. O que mais gostei na Ásia foi o cachorro quente com batata frita dentro! que invenção perfeita!

    Caro, é Mercado Egípcio mesmo, ou Spice Market. O outro é o turco, o grandão que fomos nos outros dias.

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  6. Nossa, nossa... o que mais falo é nossa!!!
    Muito incrível viajar dentro dos livros de história, lembrei da Mary hellen, minha professora de geografia e história, que ensinou esta parte da Constantinopla e Bizancio pela primeira vez. Que fora da realidade estar aí. Normal apenas ler, o que tenho feito com muita alegria.
    As comidas e jeitos de servir, as coisas corriqueiras deste longínquo mundo, poder acompanhar o dia-a-dia de vocês é sempre uma delícia. Se não estivessem contando assim, com certeza se perderia algumas coisas, fora o que perderíamos o momento mesmo.
    Pisar na Ásia, conhecer mais da cultura desta gente diferente e antiga no planeta.
    O Tuquinha já desistiu de acompanhar os brimos na fé, os gases expulsariam ele do catecismo I.
    Boa viagem, Deus acompanhe cada passo.
    Beijos!

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  7. Ah, as fotos noturnas são sensacionais, embora sejamos bem sinceros: Não tem foto mais ou menos aí...
    : )

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