terça-feira, 12 de outubro de 2010

Moscou - dia 10

A Rússia pode despertar alegria e tristeza, tranquilidade e desespero, frio e calor, pressa e calma. Tudo no mesmo dia e em poucos minutos ou talvez em horas de espaço de tempo.
Hoje acordamos e descemos pra tomar café aqui no Máxima Panorama. No hall do café tem urso, lince, javali, alce, lobo e um cervo empalhados! Mas isso faz parte da cultura do local e não podemos condenar, nem admirar, ou não! O que não se pode fazer é julgar…
O café é melhor que aquele de São Petersburgo. Assim, hoje, depois de alguns dias conseguimos comer decentemente no café da manhã. Batatas, pepinos, tomates, repolho e as coisas mais normais, para nós brasileiros como pão, queijo e geléia.
Saímos para o metrô em frente ao hotel para irmos para a Praça Vermelha. Decidimos descer na estação Paveletskaya para tirarmos umas fotos.



Dali, embarcamos novamente no trem e seguimos para a estação Teatralnaya e passamos para a Ploshchad Revolutsii, que é uma das estações do metro a serem visitadas no belo e eficiente metro moscovita. Ali, novas fotos e rumo à Krasnaya Ploshchad, ou Praça Vermelha.




Chegamos na Praça Vermelha ainda sem chuva (a previsão para hoje era de chuva e neve o dia inteiro) e pudemos visualizar com calma a Catedral de São Basílio, Mausoléu de Lênin, Museu de História do Estado, Igreja de Nossa Senhora de Kazan, GUM e diversas outras belezas aqui de Moscou. É um privilégio poder estar em locais aonde foram filmados alguns de meus filmes preferidos. Quando estava ao lado da Catedral de São Basílio pude ver a ponte sobre o Rio Moscou por onde o Jason Bourne, no segundo filme da trilogia Bourne é perseguido de carro pelo assassino russo que eliminou a mulher dele na Índia.
 Catedral de São Basílio

 Muro do Kremlim e Mausoléu de Lênin
 Igreja de Nossa Senhora de Kazan

O Museu de História do Estado (State History Museum) fica fechado na primeira segunda de cada mês e todas as terças-feiras. Como hoje era terça, não tivemos a oportunidade de entrar e visitar este museu. A opção seguinte foi ir para a fila para visitação do Mausoléu que tem o corpo de Lênin embalsamado. A chuva chegou!
Havia outros dois brasileiros na fila, bem em nossa frente, tentando tirar aquelas fotos típicas de casais que viajam sozinhos. A Fer perguntou se eles queriam que ela tirasse uma foto deles e eles aceitaram e agradeceram. Seguimos juntos na fila. Cariocas, Eduardo e Isabel, já haviam passado por Berlim e depois de Moscou iriam para São Petersburgo, Viena, algumas outras cidades e acabariam a viagem em Paris.
Para entrar no Mausoléu de Lênin. que funciona somente das 10 às 13 hs, é preciso deixar câmeras de foto e filmes em um local e soldados em frente a Torre de São Nicolau, do Kremlim, vão chamando as pessoas da fila uma à uma e após passar pelo detector de metais, se esse apitar, acontece uma nova revista. Nem eu nem a Fer fomos revistados pois a Fer não tinha nada e eu tirei as moedas do bolso e o relógio e depositei sobre a mesinha ao lado do detector de metais fixo e peguei depois que passei.
Seguimos andando uns 50 metros, junto aos muros do Kremlim e finalmente chegamos na entrada do Mausoléu. Soldados fazem a segurança e indicam o caminho. Sem sorrisos. Sem expressões no rosto.
Entra-se no Mausoléu de Lênin e depois de descer uns 5 degraus e dobrar à esquerda, depois à direita a pessoa se vê em uma câmara escura, aonde em uma redoma de vidro (tipo um caixão quadrado) repousa o corpo embalsamado do líder da Revolução Russa. Esse corpo, só saiu deste local durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi levado para a Sibéria por motivos e segurança. A passagem é rápida e muito respeitosa. Dentro da câmara principal do Mausoléu, existem uns 5 ou 6 soldados russos. Na saída do Mausoléu ainda é possível ver os túmulos de diversos líderes soviéticos com seus bustos em cobre, entre eles Stalin. Esses 7 ou 8 líderes tem maior destaque e mais ao fundo, existem diversas outras placas de russos e soviéticos que se destacaram dentro de seus países em suas atividades específicas e entre eles, Yuri Gagarin, o primeiro homem à ir para o espaço e principal cosmonauta russo.
Dali, pegamos as câmeras de foto e vídeo e saímos da Praça Vermelha pelo Portão da Ressurreição que fica entre o Museu de História do Estado e a Igreja de Nossa Senhora de Kazan (que é para o povo ortodoxo como a Nossa Senhora Aparecida para nós, brasileiros, em termo de importância religiosa) para irmos para o Kremlim.
 Portão da Ressurreição

De longe avistei algum evento no túmulo do Soldado Desconhecido e vi que estava tudo bloqueado por ali e cheio de seguranças à paisana por todos os lados. Subimos em um tipo de elevado, que parece mais uma praça, mas que em seu subsolo possui três níveis de um shopping center (aonde aconteceu o caso do meu vacilo de esquecer o cartão de crédito que contei hoje neste mesmo blog). Nisso, os brasileiros que havíamos conhecido estavam voltando daquele lado e nos disseram que o Kremlim estava fechado devido àquele evento que ali ocorria. Não havia o que fazer. Na chuva, com uns 200 seguranças russos impedindo a passagem, retornamos para a Praça Vermelha e decidimos ir para a Catedral de São Basílio.
Monumento sobre o shopping subterrâneo

Após comprarmos os tickets entramos na Catedral. Ela, muito menor que a Catedral do Salvador do Sangue Derramado em São Petersburgo não tem em seu interior a mesma ornamentação de mosaicos e dourados que a tem as igrejas de São Petesburgo. São várias pequenas igrejas interligadas e que parecem até um pequeno labirinto. Nas paredes ao invés de mosaicos são pinturas em 100% de sua área interna. Essas pinturas que estão sendo restauradas em algumas de suas partes, que podemos chamar de câmaras tem a mesma idade que o Brasil. Não há como não admirar e se impressionar com tanta energia e beleza. Óbvio que o turista que quer ver beleza e não se importa com a história de um lugar e os porquês das coisas preferirá a megalomania dos kzares de São Petersburgo à simplicidade da ornamentação das igrejas que vimos em Moscou.
Tiramos algumas fotos do lado posterior da São Basílio e fomos para aquele shopping center do ‘causo’ do cartão, para almoçar.

 Ao fundo ponte que aparece no Bourne Supremacy

Outra vista da Catedral de São Basílio

Fomos em uma loja e na hora de passar o cartão deu pau! Pensamos ser alguma pirulitagem da atendente e fomos até um caixa eletrônico e deu pau! Nisso veio a preocupação. Será que no meio tempo que deixei o cartão na loja ontem os caras tentaram usar e bloquearam a senha? Ou será que estouraram o limite? Bateu a preocupação. Tentamos ligar de um telefone público à cobrar para o número que indica no cartão mas não rolou nem a pau. Fomos então na loja que eu havia esquecido o cartão e insinuei que eles haviam utilizado meu cartão Visa e de lá tentamos ligar para o número do cartão e pau de novo.
Fomos então almoçar em um restaurante à quilo (na real o mesmo de ontem, o Sbarro). Dali, caminhamos até as duas torres brancas que são a entrada do Kremlim e vimos que estava liberada a entrada, claro, após a compra dos tickets. Fiquei cabreiro pois os rublos que eu tinha no bolso dariam para comprar as passagens de metrô e aeroexpress para Sheremetyevo amanhã para pegarmos o vôo para Istambul. Eu estava realmente preocupado e embora acho que não aparentei isso pra Fer, bastante estressado com a situação e a possibilidade de terem utilizado nosso cartão de crédito até o limite. Eram umas 2 da tarde. Decidimos pegar o metro e voltar pro hotel para tentar ligar pra Central de Atendimento dos Cartões do Banco do Brasil para ver o que tinha acontecido.
E lá fomos nós! Estação de metrô para o hotel. Chegando no hotel pedimos ajuda na recepção, mas a gerente disse que não poderia fazer ligações de lá e então fomos para o quarto. Ligamos e a atendente, falando português do Brasil atendeu e eu disse que estava ligando de Moscou e depois de passar aqueles dados de confirmação (CPF, CGC, PIS-Pasep, nome da mãe, data de nascimento e nome da Carlota) ela me disse que não havia nenhum problema com o cartão e que havia ocorrido uma falha de conexão no Visa. Que alívio! Foi bem como iniciei o post de hoje. Alívio e desespero em menos de um minuto!
Como era passado pouca coisa das 3 da tarde a Fer sugeriu voltarmos e irmos para o Kremlim. Como estava chovendo e sabia que existem algumas restrições em relação à máquinas fotográficas e filmadoras lá, decidimos deixar as câmeras no hotel e lá fomos nós. Avtozavodskaya, Teatralnaya - Ploshchad Revolutsii e saímos rumo ao Kremlim.
Chegamos na Torre Kutafiya, que é a entrada do Kremlim para os visitantes e após comprar os tickets e passar na revista subimos pela Ponte da Trindade (Troitskaya) e passamos pelo arco embaixo da torre que leva o mesmo nome. E a chuva pegando. Na subida desta ponte notamos que em meio a chuva alguns pedacinhos de gelo pegavam em nossos rostos. Daí pra nevar é um pulo (inclusive na previsão do tempo estava previsto chuva e neve para esta terça em Moscou).
Agora estávamos na parte de dentro dos muros do Kremlim. Fomos em direção ao complexo de várias igrejas que existem no interior do Kremlim de Moscou. Falo Kremlim de Moscou, pois kremlim, significa fortaleza e existem kremlims em diversas outras cidades da Rússia.
Em meio à chuva visitamos várias igrejas na chamada praça das Catedrais como a Catedral do Arcanjo construída entre 1505 e 1508 e é o local aonde eram enterrados diversos príncipes e Kzares e entre eles Ivan IV, o Terrível. A Catedral da Assunção, construída entre 1475 e 1479 e era o local central de adoração no país e local aonde os Czares e Imperadores russos eram coroados. Catedral da Anunciação (1484-1489) construídas pelos mestres de Pskov como igreja matriz dos grandes príncipes moscovitas e depois dos czares. A igreja da Guarda do Manto da Sagrada Virgem (Church of Deposition of the Robe of the Holy Virgin), também construída entre 1484 e 1485 pelos mestres de Pskov e a menor delas todas. A característica principal de todas essas igrejas são suas antigas pinturas nas paredes completamente decoradas com santos e patriarcas da igreja ortodoxa russa e imagens da vida de Jesus. Pinturas tão antigas quanto o Brasil. Achei muito legal nessa última, que em uma redoma de vidro tinha uma estátua de madeira, bem antiga e de certo modo com alguns danos providos pelo tempo e pela sua idade nomeada de Saint George, the Warrior.
Ainda vimos o gigante ‘canhão do czar’ e saímos em direção à saída que é no mesmo local por onde entramos (parece piada, mas na maioria dos locais que visitamos aqui, a entrada e saída nunca são no mesmo local).
Comemos no McDonalds, em plena Moscou e fomos para o metro. Dessa vez, entramos pela estação Okhotny Ryad e para nossa surpresa tinham 5 pessoas, no corredor que liga as estações tocando música clássica. Dois violinistas, violoncelos e aquele bem grande que penso ser contra-baixo. O som da música clássica emociona e diversos moscovitas param e dão alguns minutos de atenção para essas pessoas que estão ali emprestando sua arte para nós.
Voltamos para o hotel para descansar e nos prepararmos fisicamente para a jornada de   amanhã que nos levará até a antiga capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla, a atual Istambul.
Do svidânia e até lá, com a benção de Deus!

6 comentários:

  1. Madá meu amigo, quando vi a foto da Catedral de São Basílio lembrei que a menos de duas semanas estavamos conversando pela internet e tu tinhas me enviado um link com fotos dela no flickr lembras?

    Muito massa que vcs estao ai para verem com os proprios olhos.

    Muito massa a musica no metro hein? Em Sao Paulo eh a tigrada ouvindo funk/calipso/sertanejo sei la o que bem alto em seus celulares sem fone de ouvido... ...qta diferenca.

    Grande abraco e axe.

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  2. Muito legal, fico feliz que vocês tenham conseguido visitar o Kremlin e São Basilio e ver todas estas belezas. E até São Jorge Guerreiro! : )

    E que susto com o cartão, sorte que não foi nada pior.

    Imagino que o dia foi cansativo, descansem bem porque Istambul vai ter tantas outras maravilhas para verem e aproveitarem.
    Aguardo noticias de lá, fiquem com Deus e boa viagem.

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  3. Nossa, quanta coisa linda pros olhos! Quanta emocao nesses dois dias de Moscou! Que sonho realizado, de alguma forma, pra todos nos, acompanhando a aventura de voces.

    Boa viagem, Бог с тобой !

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  4. Que bom que voltaram no Kremlin!!! Que bom que a questão do cartão era simples, e que vcs ainda tinham tempo pra passear por lá!
    Istambul, já estou imaginando que legal e que mais diferente ainda! Me falem da comida de lá :)

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  5. Que susto com o cartão, mas que bom que não era nada demais!
    Que bom que deu pra voltar ao Kremlin!
    Já estou ansiosa por Istambul!
    Boa viagem, vão com Deus.

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  6. Quanta aventura!!
    Um bom roteirista e um diretor e o filme estaria pronto!
    As cenas no meio dos falantes de russo :/ ininteligível, o cartão em risco de atrapalhar grandemente a viagem, a vista incrível do Kremlim e das igrejas, o velho Lenin e sua turma de grande honra, as imagens magicamente misturadas em cada nova estação, em cada pilar, rua ou fachada.
    Que incrível o Jorge Guerreiro te acompanhar até ai!!!
    Sorte e luz, espero pela próxima!

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