segunda-feira, 11 de outubro de 2010

São Petersburgo e Moscou- dia 9

A noite foi novamente um dilema. Deixamos nossas coisas prontas e deitamos para dormir. Quando eram umas 2:30 da manhã, escutei passos no corredor e a porta do quarto 316, ao lado nosso (315) se abrindo e o xirú ligou a televisão. Naquele volume! Aí começou o vira prum lado, vir pro outro e nada de dormir. A Fer também acordou com o barulho da televisão e mais eu me virando tentando achar uma posição para conseguir literalmente entrar na horizontal e cair nos braços de Morfeu. Me indignei e liguei na recepção para reclamar do barulho, Mas isso já eram quase 4 da matina! Em poucos segundos o telefone do quarto ao lado tocou e escutei o cara falar ‘da’ que significa sim em russo e imediatamente a televisão foi desligada. Nisso, o cara abriu a porta do quarto dele e caminhou de um lado pra outro no corredor. Não sei se para ver se havia alguma outra televisão ligada, para pegar água (que nesse hotel em São Petesburgo fica no corredor pois os quartos não tem frigobar) ou então pra caçar confusão. Dali em diante conseguimos dormir. Mas eu acho que já eram quase 5 da manhã.
Levantamos então perto das 11 e não quisemos tomar café no hotel e fomos então comer em um subway que tem bem pertinho do hotel aonde ficamos.
Retornamos ao hotel e apos o check out pedimos para o pessoal da recepção chamar um táxi para irmos para o aeroporto de Pulkovo. Poderíamos ter ido de trem, mas a experiência na vinda não foi das melhores para nós no metro de São Petersburgo. Acertamos o preço do táxi que custou 1200 rublos (cerca de 67 reais) mesmo sabendo que se fossemos na rua pegar um táxi teria saído uns 1000 rublos, mas os taxistas não falam inglês e muito menos português, nós não falamos russo então foi por isso que decidimos pela praticidade nesta hora. Poderíamos ainda, ter pego o metro e ido até a estação Moskovskaya e de lá ter pego um ônibus até o aeroporto Pulkovo, mas demoraria tempo que não tínhamos (o vôo sairia às 14hs e já era uns 15 pro meio dia) e desta forma não poderíamos arriscar de nos perder. A viagem até o aeroporto levou uns 45 minutos e pudemos ver um pouco mais de São Petersburgo que geralmente não é vista ou não é reparada pelos turistas que a visitam. Os vários prédios que mantém a uniformidade da cidade, de no máximo 7 andares e compridos, tomando na maioria das vezes quarteirões inteiros. Estações de metro, os canais que formam o delta do Rio Neva e suas pontes, passamos ao lado da Catedral de São Nicolau que vimos lá do alto da Catedral de Santo Issac, bem ao longe, com suas cúpulas azuis com estrelas douradas que me fazem lembrar das capas de Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, rei da Índia; e Baltazar, rei da Arábia, conhecidos também como os Três Reis Magos das histórias de Jesus que minha mãe contava em minha já distante infância. Um monumento da vitória na Segunda Guerra Mundial e igrejinhas pequenas, mas no estilo das igrejas ortodoxas, sempre belas e com sua energia incrível.
O taxista nos deixou em um local não muito legal logisticamente em frente ao Terminal Pulkovo I. Conseguimos chegar ao nosso guichê de embarque, graças à uma moça que foi bem simpática e nos guiou até lá. Despachadas as malas, fomos para a área de entrada na sala de embarque e revista e vi que ali é um local para se fazer curso de como revistar as pessoas. Sabem o tal do pente fino? Pois então...
Já na aeronave partimos em direção à Moscou e chegamos em Sheremetyevo, dos aeroportos de Moscou o mais ao norte e pegamos o Aeroexpress que é um trem que leva 35 exatos minutos de viagem e nos deixou na estação Belorruskaya do metro. Essa estação fica na linha verde do metro moscovita que é a mesma linha da estação que fica em frente ao hotel Máxima Panorama e também o modo que o pessoal do hotel nos indicou em um email prévio que havíamos passado pra eles, alguns dias antes de sairmos nessa viagem. Sete estações depois descemos bem em frente a hotel na estação Avtozavodskaya. Saímos no lado errado da rua e um cara nos famosos taxis 'piratas' de Moscou nos perguntou em russo se estávamos perdidos e falamos: 'Máxima Panorama' e ele apontou pro outro lado e sorriu! Atravessamos a rua e fizemos o check in no hotel.
A Fer está cansada e com o pé machucado. Dormindo mal noites seguidas em São Petersburgo. Encarando aquela comida em São Petesrburgo que não agradou e que não sei se por termos estado em um hotel não tão bom, barulhento (em um local que me parece que não fazem questão de terem turistas apesar de ser uma cidade das mais visitadas por turistas no mundo e segundo o que li, São Petesburgo é mais visitada que Veneza!), decidiu ficar no hotel para descansar e eu agoniado, pois eram 6 da tarde, tempo limpo (e a previsão no wheater channel é de chuva para o dia 12 de outubro, que é nosso único dia inteiro em Moscou) e no local que em toda a minha vida mais sonhei em estar. Moscou!
Saí para ir até a Krasnaya Ploschad, a Praça Vermelha. Na descida no elevador fui pensando aonde eu conseguiria comprar uma camisa do CSKA, um dos times de Moscou e que eu tenho uma simpatia pois há um jogador brasileiro, que gosto e que já jogou no Flamengo e se diz flamenguista. Pedi informações na recepção do hotel e me disseram que o melhor era eu ir até uma rua que existe me Moscou, bem antiga, aonde as pessoas geralmente vão para comprara aqueles chapeus típicos, de pele e outras coisaradas chamada Arbat Ulitsa (http://www.moscow-life.com/moscow/arbat) e talvez lá eu encontrasse a camisa do CSKA que eu estava querendo.
Para isso, eu precisaria fazer algumas baldeações no metro moscovita, que não é tão complicado quanto o de São Petersburgo. Pelo menos em Moscou, dentro dos vagões somente, logo abaixo do nome das estações em cirílico há também o nome das estações em romano o que facilita o entendimento pelo menos dentro dos vagões e se contar o número de paradas fica mais difícil se perder.
Peguei o metro na Avtozavodskaya e segui rumo à estação na qual eu poderia fazer a baldeação para a linha azul que me levaria até a estação Arbastkaya. Desci na estação Teatralnaya e vi um guarda e falei pra ele: Pojalusta, Arbatskaya? E ele me apontou um caminho e fui naquele rumo. Seguindo o fluxo das pessoas não tive como errar. Chegue na estação apontada aonde eu pegaria o metro para a estação que eu queria reconheci na parede da estação, escrito em cirílico, o nome Ploschad Revolutsii. Meu coração começou a bater mais forte e meus olhos se encheram d'água! Eu estava na plataforma, de frente para as lajotas que revestem a estação e aonde o trem chegaria e olhei para trás e me deparei com estátuas de bronze, pouco maiores que um homem de estatura grande. São vários arcos e em cada arco há duas dessas estátuas. Nessa hora eu estava chorando, literalmente de emoção por ter me dado conta de onde eu estava localizado. A Praça Vermelha estava alguns metros acima! São 72 estátuas nessa estação de soldados, fazendeiros com cachorros (dobermans) e galos e galinhas, escritores, aviadores, mães com crianças, jovens estudando e trabalhadores. Algumas partes das estátuas são mais brilhantes e logo pude ver o porquê! Vi pessoas passando e colocando a mão e gastando alguns poucos segundos em oração ou somente concentração no focinho dos cachorros, nas granadas dos soldados, nos galos, no revólver de alguns soldados. Nessas principalmentes.
Decidi não ir atrás da camiseta mais! Saí rumo à escada rolante e subi. Aquela escada comprida, de cerca de 1 minuto de subida se estiver parado nela e não andando. À medida que me aproximava do topo da escada pude ver em cada lado do topo das escadas rolantes um pedestal de bronze de uns 2 metros de altura, que devia servir como iluminação ou simplesmente como decoração e um lustre também de bronze. Na parede, em frente às escadas no topo da estação tem uma cruz e uma foice em um mosaico grande, de mármore, com algo escrito em cirílico que pude reconhecer como sendo ligado à revolução soviética pois tinham escritos os anos de 1917 e 1947. Pensei primeiro se tratar de alguma homenagem ao ano da inauguração da estação, mas não é, pois essa estação foi inaugurada em 1938. Na saída da estação tem uma igreja ortodoxa de cor rosa e com os acabamentos e quinas em branco e com uma única cúpula dourada. Saí caminhando para a esquerda, sem saber aonde estava, em meio a muitos prédios. Cheguei na primeira esquina e falei para um homem que aparentava ter minha idade: Pojalusta, Kremlim? E ele me apontou uma direção e segui. Dei menos de 15 passos e pude ver aqueles muros de mais de 10 metros de altura, com seu característico desenho e logo visualizei uma de suas torres que agora não sei especificar qual. Reconheci à minha direita o Gum, que é um centro de compras que exala capitalismo e aonde tem lojas do tipo de Gucci, Louis Vuitton, Empório Armani e outras tatas, todas deste naipe.
Quando cheguei na Praça Vermelha em si, de frente para o Kremlin vi logo o Mausoléu de Lênin e olhei para a esquerda, novamente comecei a chorar emocionado, a belíssima e indescritível Catedral de São Basílio! Sempre sonhei com o dia que pisaria na Praça Vermelha. Desde moleque via essa Catedral em fotos, TV e imaginava ela em meus sonhos. Deu vontade de sentar ali mesmo e ficar chorando. Quando essa Catedral foi terminada em 1500 e pouco, Ivan, o Terrível mandou cegar o arquiteto que a projetou para que ele nunca mais fizesse nada parecido. No lado direito de onde estava, fica o Museu de História do Estado e ao lado dele a Catedral de Kazan. Esta, uma pequena igreja e também muito bonita em seu estilo já descrito de igrejas ortodoxas.
Depois de recobrar a respiração e gastar quase um pacote de lenços de papel limpando as lágrimas e o nariz decidi entrar no Gum para procurar a camisa do CSKA. Pedi informações e me informaram que havia um centro de compras bem perto dali, logo depois da Praça Vermelha. Fui lá, na loja da Reebok e consegui achar a camisa que estava querendo. Na verdade eu queria mesmo a camisa do uniforme número 2, de manga comprida, mas ali eles não tinham e acabei comprando a de manga curta. Saí faceiro da loja, com a camisa que pra mim servia como um troféu pois sei que no Brasil será quase impossível de encontrar. Se nós fossemos ter mais tempo em Moscou eu bem que poderia ter ido atrás de achar a de manga comprida, mas já tá mais do que suficiente a camisa do uniforme número 2, do time que joga o Wagner Love, original, comprada em Moscou e por 1/3 do preço de qualquer camisa de futebol original comprada no Brasil. Obrigado meu Deus por ser tão bom comigo. Obrigado pela minha família, pelos meus amigos, pelo meu emprego, pela minha saúde e pelas oportunidades que o Senhor me proporciona!
Voltei para o hotel e antes das 20hs estava no quarto contando minha aventura para a Fer. A descrição acima foi a descrição que dei pra ela e chorei contando. Decidimos então jantar no restaurante do hotel pois não vimos restaurantes ao redor e mesmo em Moscou, o problema do inglês persiste. Foi aí que eu vi que meu cartão de crédito não estava comigo! Das duas uma: ou eu tinha esquecido na loja aonde comprei a camiseta ou eu tinha sido furtado no metro!
Descemos eu e a Fer e pedimos ajuda para ligar para a loja para as moças da recepção. Elas ligaram e o cartão estava lá e segurariam o cartão e poderíamos tranquilamente pegar no dia seguinte. Como eram 9 da noite decidimos ir lá buscar e fomos. Fizemos o mesmo caminho que eu havia feito na minha primeira investida. Chegamos lá, pegamos o cartão e fomos jantar no Sbarro.
Eu, que não havia gostado quando comemos no Sbarro em New York, mudei de opinião. Comemos bem e bastante. Deu para matar a fome e vontade comer comida boa, decente e de qualidade, coisa que fizemos muito pouco em São Petesburgo.
Depois de voltar pro hotel, lavei algumas meias e underwear nossas e agora, enquanto a Fer já dorme termino de atualizar o post para compartilhar com vocês.
Estou na torcida para que não chova amanhã para que possamos traduzir nas fotos a emoção que senti hoje, quando pisei na Praça Vermelha!
Do svidânia!

6 comentários:

  1. Que legal demais, Madá!!
    Emocionante, mais uma vez. Que belo capítulo, que vitória você ter conseguido realizar este sonho!
    Tomara o tempo seja camarada amanhã e vocês consigam fazer um bom passeio.

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  2. Ah eu tambem chorei... que coisa mais incrivel, que surpreendente parecer que eu tava la com voce, lendo voce contar com tanto detalhe... Deus proteja, e que o dia amanha seja mesmo bom, que o passeio continue tao lindo, e conte mais pra nos! E fotos, claro, espero fotos!!
    beijos pros 2

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  3. Você imagine que todo dia quando o PJ chega do trabalho a gente senta aqui na frente do computador, e eu vou lendo e traduzindo o blog e o email da Fer pra ele. Parece contando historinha, mas é de verdade.
    Isso não tem preço, e fico tão feliz que você pisou - duas vezes, já - na Praça Vermelha. Chorei junto.

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  4. Rodrigão, estou acompanhando seus relatos também !!!
    Depois temos que marcar um dia "out of office" pra vc contar ao vivo esta viagem e mostrar as fotos!!!
    Curte bastante meu velho !!!

    Ps: tb curti a passagem pela Finlandia e o encontro com o ilustre Cassiano!

    Grande abs!!
    João Paulo

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  5. Ah, Madá, que alegria!
    Aqui secretamente me alegro pelas pessoas que sabiam desse seu sonho e que não estão acompanhando os relatos - mas quero crer que se alegram junto com você, de algum lugar.
    Eu fiquei com a respiração suspensa lendo cada frase e esperando por onde você passaria, pra eu ir junto : )
    Deus te proteja e abençoe para que possa sempre ver os lugares que sonhou e ainda vai sonhar.
    E que sempre tenha a boa companhia da Neguinha : )
    Estou esperando por Istanbul!!
    Beijos.

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  6. Olá, Rodrigo e Fer. Meu nome é Cristiano. Sou de João Pessoa e estou me divertindo à beça enquanto acompanho as aventuras de vcs pela Europa. Principalmente pelo fato de que o roteiro que vcs fizeram é quase igual ao que acabei de concluir e que pretendo seguir em agosto, indo por Helsinque e também voltando por Paris, excluindo o Cairo e incluindo Atenas. Achei uma coincidência incrível. Nossa! E que ajuda vcs estão me dando... Se todo mundo compartilhasse uma viagem como vcs fizeram neste seu blog... tudo seria muito mais fácil. Já peguei todas as dicas e, claro, bolei de rir com o lance da verificação os passaportes na fronteira Finlândia-Rússia...You still in Finland...kkkkkkk. Por outro lado, lamentei profundamente o ocorrido em Paris. Minha irmã foi furtada em situação parecida também em Paris, só que foi enquanto ela fazia o check-in e num hotel, veio uma "visita" e simplesmente levou uma das malas dela. Agora, o caso de vcs foi um absurdo. Prova de que não só no Brasil temos este "privilégio". Quanto ao mais, parabéns pelo compartilhamento do conhecimento, pela sensibilidade e a paciência. Um abraço.
    P.S.: Ah, se tiver algo mais pra compartilhar, manda pro meu e-mail (kristiano75@hotmail.com).Ficarei muitíssimo grato.

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