terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cairo - dia 17

Salam Malenko! Pulamos da cama às 6 da matina para efetuarmos nosso plano principal: Pirâmides de Gizé! Ao chegarmos no café reparei que todas as pessoas do hotel tiveram a mesma idéia! Estava cheio!
Tomamos nosso café e para não passar a mesma raiva de ontem, no metrô e nas ruas e também porque não há estação de metrô na área das Pirâmides e para irmos de transporte público seria bem complicado e bem perigoso para nós com essa cara de gringos em um país islâmico, decidimos tomar um táxi. Ninguém acredita quando dizemos que somos brasileiros! Dizem: mas a pele de vocês é branca! Nessa hora, nem perco tempo explicando que sou filho de gaúchos, nascido no Rio Grande do Norte, criado na Amazônia, mais precisamente em São Gabriel da Cachoeira e em Casca - RS e Lages - SC, que quando adolescente morei novamente em São Gabriel da Cachoeira e depois morei em um Colégio Militar em regime de internato em Porto Alegre, depois em São Gabriel na campanha gaúcha, em Lages novamente e fiz faculdade em Florianópolis e depois de formado já morei em Videira - SC, Marau - RS, São Mateus do Sul - PR, Uberlândia e Poços de Caldas - MG. Sou flamenguista e Capoeira a mais de 20 anos! Quer mais brasileiro que isso?
Combinamos o preço até as Pirâmides com um tiozinho na frente do hotel (25 libras egípcias) para ir. No caminho ele torrou o saco querendo nos levar para outros pontos turísticos do Cairo, tipo Sakkara e outras pirâmides, Old Cairo, mesquitas, sinagogas e igrejas. Mas não queríamos isso! Tentou, falou, ofertou, disse que estávamos fazendo tudo errado, que deveríamos ir nas outras pirâmides primeiro e depois em Gizé. Nós, firmes, mantivemos o plano original: Pirâmides de Gizé. E depois teríamos a confirmação que essa foi a melhor escolha!
No caminho, pudemos ter mais outra visão do Cairo para os lados das grandes Pirâmides com as suas ruas sujas e prédios mal acabados, retrato da pobreza que assola o lugar. Antenas por cima das casas e prédios me fazem pensar que ter um negócio de antenas aqui deve ser uma boa.
Curtindo a ‘viagem’ até as Pirâmides, dobramos em uma ruazinha, estreita e uma vizinhança bastante pobre, e já avistamos as pirâmides! Quem pensa que elas são distantes da cidade se engana! São na borda do Cairo! Me impressionei com isso.
Chegamos em frente ao posto de venda dos tickets de entrada 20 minutos antes do posto abrir. O taxista, disse que ficaria esperando para nos levar de volta ao hotel.
Havia dois estrangeiros lá, já esperando e chegaram logo em seguida mais 4 escoceses. Nos 20 minutos que esperamos até a abertura e início das vendas dos tickets de entrada, às 8 da manhã, umas 5 pessoas vieram tentar nos vender bugigangas e oferecer passeios de cavalo ou camelo. Agora sei o que um gringo sente no Brasil quando fica sendo assediado por um monte de ambulantes oferecendo milhares de coisas e querendo o dinheiro deles. Muito desagradável essa sensação!
Pois bem, pagamos 60 libras egípcias cada um nos tickets e após o detector de metais e raio-X na mochila passamos os portões de entrada! Estávamos no Giza Plateau! De frente para as Pirâmides de Gizé, que na verdade não são somente Queóps, Quéfren e Miquerinos, porque existem mais algumas menores que a Miquerinos ao redor de todas elas. A Esfinge é pequena quando comparada com as Pirâmides. Ou melhor, ridiculamente pequena! Imaginava que ela fosse gigante (não que ela seja um chaveirinho), mas não é.
Empolgada?
Esfinge e Quéfren
Não havia nenhum turista fora nós e os outros seis que estavam na entrada conosco. Ambulantes que ali trabalham, entram pelo portão principal com suas credencias e vão subindo a estrada asfaltada de cerca de 1,5 km que leva até as Pirâmides. Em meio a eles, vão subindo guardas da Polícia Egípcia de Turismo e Antiguidades, com suas fardas brancas e boinas pretas, pistolas e fuzis AK-47. Muitos outros ambulantes vão pulando os muros de cerca de 5 metros de altura que cercam o complexo aonde elas estão localizadas. Esses provavelmente não são credenciados, mas ninguém fazia nada, e deixava eles passarem livremente e irem rumo aos seus pontos de comércio, em meios a à esses monumentos de mais de 4.500 anos e a única, das 7 Maravilhas do Mundo ainda em pé!
Não havia aquela turistada que sai em todas as fotos que eu já havia visto das Pirâmides. Estava vazio! Ao longe, pelo lado oposto à cidade, era possível avistar pessoas montadas em seus camelos que vinham em direção ao Giza Plateau, para servirem como mais um atrativo turístico para as pessoas que ali, em pouco tempo estariam, para lotar o complexo.
Passamos ao lado da Esfinge e tiramos várias fotos com o monumento em uma condição totalmente diferente de quando voltamos para a sair do local. Vazia! Nem uma pessoa aparece nas fotos, somente nós!
Seguimos então meio pela estrada, meio pela calçada que na verdade é um ladinho de areia com um meio fio que o separa da estrada. Em cima desta pequena colina, à esquerda está a maior das Pirâmides de Gizé. Queóps!
Queóps
Quéfren
Miquerinos
 Queóps é realmente gigante! Acho que deve ter mais de 120 metros de altura! Em frente dela, existem diversas ruínas e resquícios de outras pirâmides menores. Entramos em uma dessas construções, bem curiosos, e um local vinha saindo de lá e oferecendo para entrarmos em uma câmara que ele dizia ser de múmias. Não aceitamos e após uma rápida olhada no interior deste pequeno labirinto que pode causar até uma rápida claustrofobia nos menos avisados saímos ali de dentro. Após outra sessão de fotos cruzamos a estrada em direção a segunda maior delas, Quéfren! Nisso, ônibus de turismo começavam a encostar em um estacionamento que existe em frente a esta segunda Pirâmide.
Como na primeira, essa também tem umas ruínas em sua parte frontal e já haviam diversas pessoas em camelos, oferecendo para os turistas tirarem fotos, subirem nos camelos e outras mais. Existe um papo que no Cairo é pague 1 euro para subir em um camelo e 10 euros pra descer. Eles oferecem a subida no camelo por 1 euro. A pessoas sobem e então eles dizem que são 10 euros e se a pessoa não paga eles não dão o comando para o camelo se abaixar e fica difícil para um turista, sem preparo e muitas vezes sem nenhuma coragem, pular de cima de um animal com mais de 2,5 metros de altura. Essa pirâmide tem seu topo mais conservado, parece. A estrutura superior externa parece ter resistido melhor ao seu tempo de existência que as demais. A de Queóps possui uma estrutura de metal lá em cima que parece ser uma antena ou pára-raio e o seu topo já não mais existe.
Dali, seguimos andando para a Miquerinos, a terceira das principais e menor delas. Ao contrário das duas primeiras, essa não tinha a plaquinha de advertência para não subir na pirâmide e ao seu lado existem mais três pirâmides que agora não sei precisar o nome. Todas fechadas à visitação interna.
Até que ali existe uma boa quantidade de guardas, com pistolas e fuzis, mas parecem não dar muita bola para o que ocorre ao redor. Tiramos mais fotos nas pirâmides menores e fomos dar a volta completa na Miquerinos quando apareceu um guarda, ‘montado de a camelo’ como diriam lá na minha Lages amada! Perguntamos se era possível subir na Miquerinos e ele fez sinal que sim. Subi umas duas ou três alturas de pedra pra Fer tirar uma foto e desci rapidamente, um pouco para não deixá-la sozinha, longe de mim em meio ao deserto, pedras e o povo, e um pouco por peso na consciência de estar pisando em tantos anos de história. Não era certo.
Uma das menorzinhas, ao lado da Miquerinos, para ter-se uma idéia do tamanho delas
Circundamos ela por completo e quando chegávamos em seu lado que ainda não havíamos estado, guardas armados não deixaram a gente pisar na parte calçada que leva à uma entrada da pirâmide que parece estar em reforma e talvez em preparação para futuras visitações e gritavam num inglês tosco: ‘That way, that way!’. Bem, fomos nos afastando, voltando em direção à pirâmide de Quéfren e olhei para trás e o guarda estava colocando mais um fuzil Kalashnikov perto dele! Bando de loucos!
Quéfren e Queóps mais ao fundo
Chegando de volta na Quéfren tivemos um choque pela quantidade de ônibus de excursões que ali haviam chegado. Haviam pelo menos 70 ônibus estacionados e a muvuca era grande!
Ainda sobre os guardas egípcios, que parecem até profissionais e depois daquele que encontramos na Miquerinos e me pediu dinheiro (que é claro que não dei), ao lado da Quéfren outro dois com seus fuzis atravessados nas costas, pareciam profissionais orientando as poses dos turistas e tirando fotos com as máquinas dos próprios turistas e cobrando para isso. Pedi para tirar uma foto com o seu AK-47 e eles não deixaram e fizeram aquele sinal universal de cadeia indicando que não eram permitidos. Mas acho que com um pouco de paciência e disposição para dar umas 50 libras egípcias eu teria conseguido.
Vimos então uma fila, que quando chegamos não existia, para a visitação da parte interna desta pirâmide. Fomos até ela, que devia ter umas 150 pessoas e quando perguntamos sobre os tickets para a visitação interna, fomos informados que teríamos que ir até o outro lado da Queóps, comprar os tickets e voltar para enfrentar fila novamente! O sol escaldante e a cabeça feita pela vista privilegiada que tivemos das pirâmides logo cedo, sem ninguém, para nós já era suficiente.

Tivemos que olhar para trás na saída...
Decidimos então voltar para o hotel. O taxista estava nos esperando e ao chegar no hotel pagamos a corrida de ida e volta: 50 libras egípcias! Se formos ver, isso em reais é muito pouco! Pobre deste povo que trabalha e ganha tão pouco com um dinheiro nada valorizado! Isso ajuda a explicar muita coisa por aqui, como a pobreza e desespero das pessoas em tentar vender coisas aos turistas de qualquer maneira. A arte de vender, que aprendemos nessa viagem que em Istambul é questão de honra, aqui parece ser questão de sobrevivência!
Chegamos no hotel eram 10 e meia da manhã! Destino: piscina! Já que fomos alocados em um hotel 5 estrelas, devido a um engano da agência que não havia confirmado nossa reserva no primeiro hotel sugerido, temos que aproveitar algumas das regalias deste que estamos.
Almoçamos ali mesmo, salada Caesar e alguns desses molhos de comida árabe (hummus, babaganoush e outro que não lembro, também não sei a maneira correta de escrever).
Depois deste descanso veio a segunda parte da expedição diária, o Mercado Khan el Khalili, conhecido como Mercado Egípcio. Fomos de táxi novamente que aprendemos que aqui não é tão caro e parece ser, pelo menos a primeira vista, mais seguro que andar nas ruas onde não se entende o que está escrito nas placas e sob o olhar por vezes raivoso, curioso ou rancoroso das pessoas sobre nós. Esse taxista, à exemplo do primeiro, nos ofereceu um passeio de dia inteiro pelo Cairo, pirâmides, imediações, Old Cairo, igrejas, mesquitas, sinagogas, museus e tudo mais, das 8 da manhã às 6 da tarde por 200 libras egípcias. Pouco mais que 65 reais. Confirma a idéia de que por aqui a vida dos locais é dura!
Este mercado não se parece me nada com o de Istambul! À céu aberto, uma loucura. Os vendedores avançam sobre os turistas e oferecem mercadorias de todo o tipo, lenços, estatuetas, temperos, camisetas, batas, artigos de metal e tantas outras coisas. Gatos convivem correndo em meio a esta confusão toda de pessoas e mercadorias e em meio a sujeira. É visível na testa de muitos dos homens as marcas, calos formados, pela sua devoção à religião. Mulheres passam em meio aos homens, com seus lenços coloridos ou por vezes pretos, com somente o rosto de fora e por vezes somente mesmo os olhos.
No Khan el-Khalili
Pegamos um táxi para o nosso próximo destino no bairro/ilha de Zamalek, a Fair Trade Egypt que é aquela loja que comentei ontem que não havíamos achado. Ela, fica no endereço: 27 Yehia Ibrahim, Zamalek, apt 8. Ali, pudemos conhecer a adquirir alguns artigos de artesanato que respeitam os artesãos e as comunidades nas quais eles estão inseridos e assim garantindo que eles terão continuidade em sua existência e poderão assim manter sua atividade de subsitência.
Fair Trade Egypt
Pegamos outro táxi e voltamos para o hotel e depois jantamos no Pizza Hut que fica na esquina do hotel em que estamos hospedados!
Amanhã, a idéia é visitar o zoológico do Cairo, espero que possamos ir lá e que dê tudo certo. Até amanhã, se Deus quiser! Malenko Salam!

4 comentários:

  1. Wa alaikum assalam,

    Muito massa meu amigo, visitar as piramides do Egito nao eh pra qualquer um.

    A cara da Fer de empolgada eh a mais legal!

    Ainda bem que tu nao contou pro povo todos esses lugares que ja morasse no Brasil, imagina entao se contares quantos numeros de telefone ja tivesse hein?

    Grande abraco.

    Ju

    ResponderExcluir
  2. meu Deus, voces tao ai mesmo!! nao da pra acreditar, a cara de voces ja conta tudo, mesmo se nao tivesse lido o relato tao legal que voce escreveu hoje - e ainda aproveitaram o hotel 5 stars ;)
    Que pobreza mesmo, mas que sorte desse povo que tem as piramides, senao tavam numa dureza maior ainda...

    *tu e brasileiro mesmo, hein? pelamor! :D

    ResponderExcluir
  3. Valeu a pena pular da cama tão cedo, que muito legal pegar as piramides vazias de turistas!! As fotos estão maravilhosas e as caras animadas de vocês mais ainda :D

    Mas eu tambem não entraria numa, mesmo descontando a filona e o calorão: me dá claustrofobia só de olhar na tv...

    Que bom que encontraram a loja de Fair Trade, tem que incentivar este comércio mais justo. E parece que tem coisas lindas!
    E no mercado da rua, chegaram a comprar algo?

    Beijos!

    *Adorei tua blusa, Fer!
    *Madá, tem que listar essa brasileiragem toda contando nos dedos das mãos, como o tio Olavo conta os antepassados! :D

    ResponderExcluir
  4. Meu Deus do céu, são as pirâmides mesmo! De verdade!!!
    Ai que alegria. Nem posso escrever nada hoje, tô mais do que feliz.
    Fer, a tua carinha tá priceless.

    ResponderExcluir