Istambul - dia 14

Hoje, depois do café da manhã, que novamente o povo se enrolou pra repor alguns ítens como os ovos mexidos, saímos do hotel e tivemos a grata surpresa de um dia sem chuva. Ainda meio nublado, mas já mais claro e volta e meia era possível avistar o azul do céu.
Nossa primeira atividade foi a ida até a antiga Cisterna de Istambul (Basilica Cistern). Obra que data do século 3 e 4 d.C. e foi contruído por Constantino e depois no reinado do Imperador Justiniano I foi ampliada e reconstruída e é capaz de armazenar até 80.000 metros cúbicos de água. Serviu como reservatório de água para Constantinopla até os tempos modernos.
O lugar é muito legal e em minha opinião, dos que visitamos em Istambul, um dos mais! Existem vários peixes, de vários tamanhos, na água deste reservatório que hoje não tem mais que 60 cm de altura. O clima lá dentro é fresco e ela é toda subterrânea. São muitas colunas que suportam a estrutura e dois destes pilares tem como base cabeças de medusas esculpidas. Uma de lado e outra de cabeça pra baixo. Não existe nenhuma explicação dos porquês destas bases terem formas de medusa e estarem nestas posições.

Peixes na Basilica Cistern

Dentro da Basilica Cistern

Dali, fomos para a Hagia Sofia. Hoje, acho que por ser sábado, tinham muitas excursões e pegamos uma pequena fila na entrada da Hagia Sofia, ou Santa Sofia. Construída originalmente como igreja, no século 4, teve sua forma original somente no século 6, também na era do Imperador Justiniano e mantém até hoje. Já foi igreja, mesquita e hoje é museu. Por dentro, como por fora, ela é gigante. E deu pra perceber hoje, pela quantidade de gente que havia lá dentro (deviam ter umas 3.000 pessoas, no mínimo), que ela devia comportar em suas eras de orações, um grande número de fiéis, católicos, ortodoxos ou muçulmanos.

No interior da Hagia Sofia

Blue Mosque vista do andar superior da Hagia Sofia

 Ela está em grande parte em obras de restauração. Muitas de suas colunas, pinturas, paredes e mosaicos estão passando por estas obras. Existem, na parte dos mosaicos vários avisos para não se usar fotos em fotografias, mas não sei se por ‘boca abertice’ dos turistas ou por má fé mesmo, vários flashes notei. Guardas pediam e por vezes gritavam: ‘no flash’, mas não adiantava. Fiquei indignado de verdade com isso. Por que as pessoas não tem noção da necessidade de preservação e conservação de monumentos históricos. Muitas pessoas que são nativas de pátrias que não tem um terço da idade deste monumento histórico fazem este tipo de coisa sem o menor pudor. Entre eles vários brasileiros!
Ainda, dentro da Hagia Sofia, vimos mais gatos! Eles ficam paradinhos esperando as pessoas irem passar a mão e parecem que fazem poses para as fotos! O povo daqui deve ter um envolvimento especial por estes bichanos.

Mosaico em restauração na Hagia Sofia (foto sem flash)

Dali fomos almoçar em um restaurante chamado Semazen, na avenida que sobe para o Grand Bazar (se não me engano é a Bindirdirek Mh Divanyolu - peguei no cartão de outro estabelecimento). A Fer comeu macarrão napolitano (com molho de tomates) e eu meatballs.

Essa é a rua de vários bons restaurantes de Istambul

Depois do almoço o destino foi o Palácio Topkapi. Este palácio foi a residência oficial dos sultões do Império Otomano por mais de 400 anos, desde a queda de Constantinopla até meados do século 19. Patrimônio Histórico da UNESCO, abriga um museu com várias peças do tesouro do Império Otomano. Pudemos ver roupas que eram utilizadas desde o século 14 até peças de cerimônias, em ouro e todas cravejadas de esmeraldas, rubis, pérolas, diamantes e outras pedras preciosas. Espadas dos sultões fazem parte da coleção. Tronos, móveis em madrepérola, veludo e tantas outras riquezas e pinturas decorativas muito lindas fazem parte da decoração deste palácio composto de dezenas de salas, câmaras e casas. O jardim é grandiosos. Imensas árvores fazem sombra e tornam o local único para descansar e passear.Imagino que os sultões nem saiam dali. Tinham tudo que precisavam, sem falar no conforto e segurança que este local oferecia.

Nos jardins do Palácio Tokpaki, com o Bósforo e lado asiático ao fundo

Dentro da sala de reunião do conselho do sultão

Nós e o Estreito de Bósforo

O palácio é construído sobre uma pequena colina na beira do Estreito de Bósforo e funciona ali, um restaurante/café, de nome Konyali que data de 1897. Tomamos um ‘çai’ com doces turcos apreciando a vista do Estreito, do lado asiático de Istambul e dos barcos que ali trafegam.
Depois continuamos nossa andança pelo palácio. Fomos no harem, que é gigante e pudemos ver e entender um pouco como funcionava esta parte do palácio. As mulheres do sultão pouco tinham contato com outros homens. Pelo que entendi, até mesmo os eunucos só encontravam com elas na parte onde eram deixadas as bandejas de comida que vinham do refeitório. Ele tinha as suas preferidas que tinham um tratamento diferenciado em relação as outras. Nas paredes do harem, é possível ver azulejos pintados à mão e pela dimensão do lugar ter uma idéia da riqueza e vultuosidade que acompanhava este Império Otomano. De alguns pontos, tivemos uma bela vista de outras partes de Istambul, como o Golden Horn, Torre de Gálata e outras mesquitas. Vimos a sala de circuncisão, a piscina de mármore e salas de descanso e reunião usadas pelas pessoas que ali moravam. É certo, à exemplo do que aconteceu no Hermitage, que não conseguimos ver todos os cômodos e partes do palácio.

Fer e a Bosphorus Bridge (Ponte de Bósforus) ao fundo

Torre de Gálata vista do Palácio Topkapi

Vista da 'Old Istanbul' do Topkapi Palace. É possível notar 3 grandes mesquitas.

Câmara do príncipe, no Harem do Topkapi Palace

Saímos do Palácio e fomos até um outro supermercado que disseram ser maior do que aquele que fomos ontem. Esse, pequeno também em relação ao que estamos acostumados no Brasil. Não sei se é uma característica da região onde estamos em Istambul, ou se é do local mesmo, os supermercados serem do tamanho de pequenos mercados de bairro, se comparados com os do Brasil. Na subida, passamos em um local que fazem um tipo de crepe, assado sobre uma chapa semi-circular e em aspecto, mais parece uma mistura de panqueca com pão sírio. O nome, Cennet Gözleme-Manti. O legal aqui, foi que sentamos em umas almofadas no chão em frente a uma mesa bem baixinha. Existiam outros lugares, mas a característica era que as cadeiras e mesas eram todas baixinhas. Também, deve ser um local bem tradicional, pois os únicos não-turcos ali éramos nós! Comi um crepe de batata e a Fer um de queijo. Acompanhados por ‘çai’.

Nós comendo um crepe turco.

Voltamos para o hotel para dar um tempo. Estávamos bem cansados e acabei dormindo uma hora mais ou menos enquanto a Fer atualizava algumas fotos e fazia um vídeo das fotos que tiramos pela manhã de um tiozinho fazendo suco de romã.
Na janta, fomos em um resturante chamado Baran 2, perto da estação de ‘tram’ Sultanahmet, na mesma rua do Semazen e do Cennet, aonde a Fer comeu um stuffed chicken (que é uma massa folhada macia com frango dentro), arroz e um espinafre refogado com temperos locais. Eu tomei um ‘çai’. Dali, fomos para o Tahiri, pois eu queria comer algo típico na nossa última janta em Istambul. Esse Tahiri, fica na mesma rua, e é uma recomendação do guia Lonelly Planet (já havíamos ido lá na segunda noite em Istambul) e então pedi meatballs. Eles servem as meatballs com uma pimenta doce cozida e com um molho (se não me engano kirmin biber sosu) que é uma mistura de pimentões, pimentas, azeite de oliva e sal. Pedi para o garçom escrever o nome para mim e ele escreveu o nome (mas está difícil de entender o que está escrito) e a receita com os ingredientes.
Amanhã é o dia de irmos para o Cairo. Estamos com as malas prontas. Pesadas, claro, devido a esta passagem por Istambul. Acredito que no Cairo será uma nova visão e um outro clima. Visto que lá estará quente e não há previsão de chuva nos próximos dias naquela região do delta do Rio Nilo.
Notícias de lá, em breve! Até mais, grande abraço e que Deus abençoe nós todos!