segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Paris - dia 23

Ao acordar nesta segunda reparei que é a última semana destas férias. Desde 2005 que eu não tirava 30 dias corridos de folga. Neste ano, foram 20 dias das férias de 2009 e mais 7 dias de direito do Prêmio DNA Danone. Mas entrar na última semana de férias não é motivo para ficar triste, desanimar ou querer atropelar tudo porque está chegando a hora de voltar ao trabalho.
Ao acordarmos e ao abrirmos a cortina o azul do céu de outono em Paris deixava entender que o dia seria daqueles para ficar na história desta viagem. Croissants no café da manhã e saímos para o nosso destino do dia, o Museu do Louvre.
Saímos do Fertel Etoile da Rue das Acacias e seguimos pela Avenue de la Grande Armée e em seguida Champs-Élysées. Caminhando na manha, curtindo o início do movimento que não para nesta cidade. Depois de irmos em uma agência do correio francês ainda demos uma passada na Sephora. É muito difícil conseguir escolher um perfume em uma loja de perfumes! Vários cheiros se misturam e não consigo saber qual tem o cheiro de quê. Saí de mãos vazias sem conseguir escolher nada apesar de já ter algo em mente. Ainda vou experimentar mais umas duas ou três vezes antes de tomar a decisão de qual perfume irei comprar.
Ao sair da Sephora a primeira coisa é respirar fundo para conseguir respirar um pouco de ar puro, mas aqui, da mesma forma que em São Petersburgo, Moscou, Istambul e Cairo é tanta gente fumando nas ruas que cada respirada é uma tragada! Ao menos aqui em Paris não se fuma dentro dos estabelecimentos. Na Rússia ainda se fuma dentro de restaurantes apesar de alguns terem espaços de não fumantes e no Cairo até dentro de elevadores e inclusive os taxistas dentro de seus táxis com passageiros. Me preocupa o que farei no Brasil para não perder esse costume. Acho que uma das primeiras coisas que farei após passar a alfândega em Guarulhos será comprar uma carteira de Minister e acender um cigarro! Brincadeira minha galera!
Seguimos nossa caminhada e chegamos no Jardin de Tuileries e em seguida estávamos na praça bem em frente ao Louvre onde fica a pirâmide de vidro que também é a principal entrada do museu.
Ali haviam umas 1.500 pessoas na fila de entrada. Chegamos às 11:40hs e quando era 12:05hs estávamos passando a revista no detector de metais e raio-X. Durante o tempo em que ficamos na fila havia logo atrás de nós uma família francesa, mãe, pai e dois filhos, um menino de uns 10 anos e uma menina talvez um ou dois anos mais velha. Ficaram de galinhagem o tempo todo. O pai brincando de lutinha com a filha e empurrando o filho e as duas crianças se empurrando e eu já indignado com aquela falta de educação e sem o mínimo de noção de como se comportar em um lugar público. No momento que a fila se afunilou, uma das guardas do museu, chamou a atenção do pai e apesar de não falar francês eu percebi que era referente ao comportamento deles na fila. Pensei: ‘mija pau velho!’. Achei legal a atitude da guarda do museu, colocando ordem na bagunça, afinal de contas ali não é lugar pra ficar de galinhagem. Descemos a escada e então pudemos ver que existem ali dois ou três locais de venda de ingressos e quatro locais naquele estilo de compra ‘self-service’, onde obviamente a fila estava menor. Compramos ali mesmo. Cada ticket custa 9,5 euros.
Relax no Jardin de Tuileries
Deixamos os casacos no local apropriado e nos hidratamos com uma garrafa de água Evian (que aliás é a nossa água oficial aqui na França por três motivos: preço, saudabilidade e fabricante) e seguimos para iniciar nosso tour pelo Louvre ao meio dia e quinze minutos.
Pessoas das mais diferentes idades visitando o Louvre! Desde crianças de colo, em idade escolar, adolescentes, adultos e idosos. Quando descíamos a escada circular após o detector de metais iluminados pela luz natural que atravessa os vidros da pirâmide central  e principal entrada do museu passamos por uma senhora de uns 80 anos que descia a escada bem devagar. Ela se apoiava em uma bengala, usava óculos, cabelos bem branquinhos e uma pequena bolsa Burberry e estava sozinha! Apreciei a vontade dela de também ir ao museu e enfrentar aquele ‘bando de selvagens’, entre eles nós, que ali estávamos ávidos por vivenciar as paredes e salas do Museu do Louvre.
O Palácio do Louvre foi construído como uma fortaleza por Philippe-Auguste no século 13 e reconstruído no século 16. Em 1793 a Convenção Revolucionária o transformou em museu, o primeiro e mais famoso da nação. Vou tentar evitar comparações, mesmo que seja quase impossível, entre os museus que tivemos a oportunidade de visitar nesta longa viagem (Hermitage em São Petersburgo e Museu Egípcio e Imhotep no Cairo).
O Louvre é muito grande! Existem diversas exibições permanentes com uma quantidade incrível de obras. Pinturas, esculturas, jóias, móveis, artefatos, objetos de arte e decoração entre tantas outras coisas e como não deveria faltar, sarcófagos e mais sarcófagos!
A primeira coisa que fizemos foi ir no subsolo, chamado no Louvre de ‘Entresol’, onde já estávamos para ver as antiguidades romanas, etruscas e gregas. Estátuas de Apolo, Hércules, Júpiter e tantos mais. Neste andar, uma das esculturas de destaque é Santa Maria Madalena de G. Erhart.
Em seguida, fomos para o nível do solo, ‘Rez-deChaussée’. Ali, vimos a pedra onde está escrito o código de Hamurabi, primeiro código de leis escrito pelo homem e também a estátua de Ramsés II. Algumas esculturas de Michelangelo e entre elas a famosa ‘Captive’ e também outra que tem destaque, de A Canova batizada de Psyche e o Cupido. Muitas, mas muitas outras estátuas em mármore, bronze e madeira. E o ápice desta parte do museu que é a Vênus de Milo, a Afrodite. Nesta eu fiquei boquiaberto! Como é bonita esta escultura que deve datar de antes de Cristo.
Psyche and Cupid
Aphrodite (Venus de Milo)
Decidimos então almoçar em um café existente no primeiro andar do Louvre. Neste café é necessário ficar na fila e aguardar que um lugar seja desocupado para que as pessoas que ali estão esperando possam entrar. Tivemos uma sorte e sentamos em uma mesa com vista para a pirâmide do Louvre e as fontes que ficam ao seu redor. A Fer pediu um quiche Lorraine e eu um prato de queijos. Enquanto esperávamos nosso almoço, na mesa ao lado da nossa, que estava vaga, sentou-se a velinha que vimos descendo as escadas quando chegamos, se movendo lentamente, com sua bengala e cabelos brancos. Ela fez o pedido de sua refeição, deixou o óculos em cima da mesa e um casaquinho em cima da cadeira e com sua bengala e bolsa foi ao toilete. Nesse meio tempo, serviram na mesa dela um jarro de água e uma taça de vinho e uma salada Caesar. Quando ela voltou, concentrada para conseguir caminhar e fazer os movimentos necessários para sentar e então comer e beber seu vinho fiquei pensando que aquela mulher de idade, francesa, provavelmente passou pelas dificuldades de um acupação quando a ‘blietzkrieg’ nazista tomou Paris. Ainda passou pela minha cabeça que se não fosse pelos americanos, que desembarcaram na Normandia junto com seus aliados para libertar a França e a Europa e vencer as forças do eixo na WWII, hoje, ao invés de comermos croissants e baguetes em Paris estaríamos comendo salsichão e chucrute! De repente, reparei que velha senhora procurava sua bolsa e a Fer pegou a bolsa do chão e entregou pra ela que agradeceu com um ‘merci’ muito simpático e a tiazinha pegou uma pequena caixinha e tirou de dentro um comprimido para tomar. Com vinho deve ir muito bem…
No primeiro andar (1er étage) nosso objetivo principal era o mesmo de todas as pessoas que visitavam o Louvre hoje: Mona Lisa de Leonardo da Vinci. Caminhamos bastante vendo ainda muita coisa bela. Os apartamentos de Napoleão III que são de um luxo incrível e me chamou atenção uma mesa de jantar onde contei 46 lugares! Existe ainda neste andar uma escultura em madeira com um destaque especial chamada ‘The Winged Victory of Samothrace’.
The Winged Victory of Samothrace
Quando chegamos em frente da sala 6 onde está exposta a Mona Lisa me impressionaram duas coisas: a quantidade de gente que ali estava amontoada para ver o quadro, tirando fotos com flash e desrespeitando as regras de conduta do museu e o tamanho do quadro. Eu tinha escutado falar que o quadro da Mona Lisa era minúsculo, que era difícil ver direito e coisa e tal. Não foi a mesma Mona Lisa que eu vi. O quadro tem um tamanho legal e muito semelhante a qualquer outro quadro antigo de retrato de pessoas que eu já tenha visto. Como me revoltei com as pessoas que usavam flash tanto ali como em outras partes do museu me recusei a tentar uma foto (sem flash) desta obra e seguimos nossa visita que ainda percorreu várias salas do primeiro andar do Louvre.
Mona Lisa ao fundo e a multidão para vê-la
Agora era hora de subir ao terceiro andar para ver as outras pinturas ali existentes. Caminhamos muito, fomos e voltamos, passamos mais de uma vez pelo mesmo lugar e não encontrávamos a escada ou o acesso para o segundo andar e foi então que decidimos pedir informação para as auxiliares que ali trabalham e o nosso problema foi resolvido.
Painéis da Mesopotâmia
Entrada de castelos da antiga Mesopotâmia
O trono do 'home'
No segundo andar vimos as três telas de maior destaque: The Lacemaker de J. Vermeer, Gabriélle d’Estrées and Her Sister e ainda The Card-Sharper de G. de La Tour e várias pinturas de tantos outros artistas famosos.
Saímos do Louvre às 5 da tarde satisfeitos com a enxurrada de arte e informação que ali tivemos e seguimos caminhando pelo Jardin de Tuileries em direção ao Arco do Triunfo e paramos em um dos cafés deste parque/jardim para comermos um crepe.
Na saída, em frente à pirâmide que é a entrada do Louvre

Crepe no Jardin de Tuileries
Ainda, na volta para nosso hotel curtimos mais um pouco a Champs-Élisées e passamos no mercado onde compramos Actimel, Actívia, água e uma garrafa de Leffe, cerveja belga.
No quarto do hotel, coloquei a cerveja na sacada do quarto e ali deixei enquanto íamos na Torre Eiffel para jantar. Pegamos o metrô na estação Charles de Gaulle Etoile, linha 6 e desembarcamos na estação Bir-Hakeim. Caminhamos até a Torre e fomos para a fila tentar uma vaga no restaurante mas tivemos a notícia que devemos reservar com antecedência e infelizmente não conseguimos vaga para jantar ali. Pegamos o cartão com o número para tentar uma reserva em um desses dias que aqui ainda estaremos. Fiquei meio de cara porque hoje o céu estava magnífico e a lua cheia brilha.
Voltamos em direção a estação que desembarcamos e paramos em um restaurante para jantar. O garçom, um camarada com menos de um metro de cinquenta e cinco de altura, arrogante como só um francês sabe ser, nos deixou esperando e não nos atendia e chegavam outras pessoas e ele as atendia e então nos revoltamos e abrimos os dedos dali! Fomos para o restaurante ao lado e comemos um gostoso macarrão.
Retornamos de metrô fazendo o caminho contrário ao que fomos e ao chegar no quarto do hotel, abri a janela da sacada, peguei minha Leffe que estava no ponto pra ser consumida e foi isso que fiz enquanto assistíamos um filme na televisão (em francês).
Torre eiffel à noite

5 comentários:

  1. Muito massa essa foto da torre de noite.

    E que gentarada no museu hein?

    Abs

    Ju

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  2. A selva dos turistas meio que enche a paciência, não? Todos queremos ver, passear e apreciar, mas tem muuuita gente sem noção!
    Vocês estão aproveitando bastante,o tempo magnífico e conhecimento para fazer só o que sabem que vai valer a pena.
    Vi a Lacemaker também, pequenina e brilhante! Demoramos pra achar : (
    Quando estivemos aí estava bem frio, o vinho, a água e os iogurtes ficavam perfeitos fora da janela.
    Sugiro que vejam alternativa de transporte terrestre até Lisboa ou outra cidade para pegarem o voo de volta... estão cancelando muitos voos de Orly ou CGaulle.
    Beijos!!

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  3. Puxa vida que espetaculo de dia! Nao da pra dizer o que fiquei mais empolgada - se com a agua Evian (voces sao chique mesmo..) ou cada escultura no Louvre. A historia da tiazinha foi muito bacana, imagine que ela deixou tudo ali pra ir ao banheiro :)
    Como e legal ver voces se virando, andando de um lado pra outro sem ir atras da multidao (de gente sem educacao :( por ai).

    Aproveitem muito os ultimos 3 dias. E vejam mesmo uma alternativa, no caso do combustivel nao chegar mais aos aeroportos. Nao custa ligar pra moca da Power Travel.
    beijos

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  4. Que dia mais gostoso!! : )

    Também sonho em conhecer estas obras-primas e tomar um vinho no Louvre, como a velhinha simpática.
    Capaz de ela se lembrar e ter saudade dos tempos em que Paris era dos locais, não esta selva de turistas...

    O duro é que essa gentarada é o que sustenta a estrutura turística e a beleza eterna da cidade. Mas podiam ter mais educação, a gente meio fica com vergonha nessas horas.

    Lindas fotos!!

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  5. Que delícia, parece mesmo que estão pegando dias lindos aí. Coisa boa. E ninguém me falou nada dos crepes ainda, são mesmo os melhores do mundo? Comam um de nutela com banana e me contem! :)
    *Ontem chegou o cartão postal do banho turco. O PJ quase passou mal de rir :D

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